Porto Velho, RO - No último ano, o preço da matéria-prima do chocolate, o cacau, vem sofrendo uma alta recorde. Um dos grandes motivadores para este aumento foram os fundos de hedge, semelhantes aos fundos multimercado no Brasil, que têm investido pesado no mercado de cacau. Isso ocorre devido às colheitas ruins na África Ocidental e apostas de que os preços continuarão a subir.
Os fundos fizeram aportes de aproximadamente 8,7 bilhões de dólares (o equivalente a cerca de 43 bilhões de reais) em contratos futuros do cacau em Londres e Nova York. Essa é a maior alta já registrada em dólares, de acordo com dados da Commodity Futures Trading Commission, agência do governo americano que regula os mercados futuros e de opções.
Os fundos de hedge não são a causa do aumento, mas têm contribuído para amplificar movimentos de mercado de forma extrema, principalmente em um cenário de menor liquidez de mercado.
Signature of the Hedge
Hoje, a maioria dos fundos de hedge são sistemáticos e usam algoritmos para seguir as tendências do mercado, de acordo com Justin Grandison, diretor de corretagem de cacau no ABN AMRO Bank. O cacau foi o maior contribuinte para os lucros dos fundos de hedge neste ano, de acordo com uma carteira compilada pela Société Générale.
Efeitos colaterais da alta de preços
Os altos preços do cacau estão deixando grandes processadores da commodities – que transformam os grãos em manteiga de cacau – com dificuldades de encontrar um suprimento suficiente para atender à demanda dos fabricantes de chocolate.
Operadores de mercado alertam que a volatilidade do mercado de cacau, agravada pela presença dos fundos de hedge, torna mais difícil para os processadores se protegerem contra as oscilações de preços.
A realidade dos produtores de cacau
Os produtores de Gana e da Costa do Marfim, que fazem a maior parte do suprimento mundial de grãos, ainda não foram afetados pelos preços mais altos do mercado futuro, pois os preços atuais refletem vendas feitas entre 12 a 18 meses atrás.
Os preços mais altos só afetam os agricultores no início da nova temporada, em outubro. No entanto, medidas de fixação de preços pelo governo pode prejudicar a capacidade do mercado de responder aos preços mais altos e achar um novo equilíbrio entre oferta e demanda.
Fonte: O Antagonista
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