Altas recentes do arroz e do feijão têm influência climática e decisões tomadas por países produtores.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo
Porto Velho, RO - O IPCA de fevereiro veio praticamente idêntico ao do mesmo mês do ano passado, com alta de 0,83% (contra 0,84% de fevereiro de 2023), mantendo o acumulado de 12 meses na casa dos 4,5%, o limite superior considerado aceitável para a inflação deste ano, que é de 3% com 1,5 ponto porcentual de tolerância para cima ou para baixo. O índice veio ligeiramente acima das expectativas do mercado, que eram de uma elevação de 0,78%, e foi puxado especialmente por um reajuste sazonal, por uma mudança tributária e pelos efeitos do clima sobre o agronegócio.
Fevereiro é, tradicionalmente, o mês em que os reajustes nas mensalidades do ensino privado pesam na inflação, e não foi diferente em 2024. Dos nove grandes grupos medidos pelo IBGE, Educação teve, de longe, a maior alta, com 4,98%, correspondendo a 0,29 ponto porcentual do IPCA de fevereiro – ou seja, mais de um terço da inflação do mês veio apenas das escolas, com destaque para as creches (6,03%), a pré-escola (8,05%), o ensino fundamental (8,24%) e o ensino médio (8,51%).
A alta recente nos preços dos alimentos tem a ver com fatores que estão fora do controle do governo federal. Mas o mesmo se pode dizer de quedas em produtos como a carne bovina, que Lula, oportunista e mentiroso, comemora como se fosse mérito seu.
Os combustíveis também voltaram a pesar na inflação, com as maiores altas no etanol (4,52%) e na gasolina (2,93%, ou 0,14 ponto porcentual do IPCA de fevereiro). Este efeito, no entanto, já era esperado, pois correspondia a um aumento de 12,5% na alíquota do ICMS dos combustíveis, decidido ainda em outubro do ano passado pelo Comsefaz, que reúne os secretários da Fazenda de todos os estados e do Distrito Federal. Era, portanto, algo que já estava incluído nas contas de quem acompanha a evolução dos índices de preços.
Por fim, o grupo Alimentação e bebidas também subiu acima do índice cheio do mês, com alta de 0,95%. O subgrupo Alimentação em domicílio teve alta ainda maior, de 1,12%, o que também era previsível pois já há algum tempo se sabia que as supersafras que marcaram o início do ano passado não se repetiriam em 2024, graças a quebras motivadas por fenômenos climáticos. As presenças obrigatórias na mesa do brasileiro sofreram: arroz e feijão foram afetados por extremos climáticos e, no caso específico do arroz, o choque de oferta é mundial, graças a uma decisão da Índia, o maior exportador mundial, de impedir embarques do produto para segurar os preços internos.
A alta recente nos preços dos alimentos, portanto, tem a ver com fatores que estão fora do controle do governo federal, e por isso seria injusto jogá-la no colo de Lula. Mas o mesmo se pode dizer de quedas em produtos como a carne bovina, que o presidente, oportunista e mentiroso como só ele sabe ser, comemora como se fosse mérito seu. Como explicou à Gazeta do Povo o coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, André Braz, o governo tem pouca influência direta, tanto positiva quanto negativa, sobre os preços da agropecuária. No caso específico das carnes, o que houve foi uma elevação de oferta, pois os produtores estão se desfazendo de matrizes devido à baixa rentabilidade, no chamado “ciclo pecuário”.
O oportunismo não termina aí. Lula já disse que vai se empenhar para baixar o preço do arroz e do feijão – algo que realmente pode ocorrer no futuro próximo, segundo os especialistas ouvidos pela Gazeta, mas novamente devido às mudanças naturais na oferta e na demanda, e não por alguma ação do governo; isso, obviamente, pouco importa para o petista, que estará pronto para, mais uma vez, colher mérito sem ter plantado nada. No entanto, se desta vez Lula não poderá se aproveitar de algo similar à deflação dos alimentos vista em 2023, resultado do trabalho duro de um setor que o petista adora demonizar, há algo que o governo pode, sim, fazer para domar a inflação.
A receita é simples: preservar o valor da moeda. Responsabilidade fiscal, busca de bons resultados primários baseada em racionalização dos gastos e não em tributação desenfreada, recuperação do grau de investimento por meio de boas políticas econômicas. Mas a simplicidade deste receituário é inversamente proporcional à vontade de Lula, do PT e da equipe econômica capitaneada por Fernando Haddad de colocá-lo em prática. Nesta toada, só resta mesmo a Lula torcer para o clima colaborar e para os preços internacionais das commodities se comportarem, pois só assim será possível compensar os efeitos inflacionários de sua paixão pela gastança.
Fonte: Por Gazeta do Povo
Porto Velho, RO - O IPCA de fevereiro veio praticamente idêntico ao do mesmo mês do ano passado, com alta de 0,83% (contra 0,84% de fevereiro de 2023), mantendo o acumulado de 12 meses na casa dos 4,5%, o limite superior considerado aceitável para a inflação deste ano, que é de 3% com 1,5 ponto porcentual de tolerância para cima ou para baixo. O índice veio ligeiramente acima das expectativas do mercado, que eram de uma elevação de 0,78%, e foi puxado especialmente por um reajuste sazonal, por uma mudança tributária e pelos efeitos do clima sobre o agronegócio.
Fevereiro é, tradicionalmente, o mês em que os reajustes nas mensalidades do ensino privado pesam na inflação, e não foi diferente em 2024. Dos nove grandes grupos medidos pelo IBGE, Educação teve, de longe, a maior alta, com 4,98%, correspondendo a 0,29 ponto porcentual do IPCA de fevereiro – ou seja, mais de um terço da inflação do mês veio apenas das escolas, com destaque para as creches (6,03%), a pré-escola (8,05%), o ensino fundamental (8,24%) e o ensino médio (8,51%).
A alta recente nos preços dos alimentos tem a ver com fatores que estão fora do controle do governo federal. Mas o mesmo se pode dizer de quedas em produtos como a carne bovina, que Lula, oportunista e mentiroso, comemora como se fosse mérito seu.
Os combustíveis também voltaram a pesar na inflação, com as maiores altas no etanol (4,52%) e na gasolina (2,93%, ou 0,14 ponto porcentual do IPCA de fevereiro). Este efeito, no entanto, já era esperado, pois correspondia a um aumento de 12,5% na alíquota do ICMS dos combustíveis, decidido ainda em outubro do ano passado pelo Comsefaz, que reúne os secretários da Fazenda de todos os estados e do Distrito Federal. Era, portanto, algo que já estava incluído nas contas de quem acompanha a evolução dos índices de preços.
Por fim, o grupo Alimentação e bebidas também subiu acima do índice cheio do mês, com alta de 0,95%. O subgrupo Alimentação em domicílio teve alta ainda maior, de 1,12%, o que também era previsível pois já há algum tempo se sabia que as supersafras que marcaram o início do ano passado não se repetiriam em 2024, graças a quebras motivadas por fenômenos climáticos. As presenças obrigatórias na mesa do brasileiro sofreram: arroz e feijão foram afetados por extremos climáticos e, no caso específico do arroz, o choque de oferta é mundial, graças a uma decisão da Índia, o maior exportador mundial, de impedir embarques do produto para segurar os preços internos.
A alta recente nos preços dos alimentos, portanto, tem a ver com fatores que estão fora do controle do governo federal, e por isso seria injusto jogá-la no colo de Lula. Mas o mesmo se pode dizer de quedas em produtos como a carne bovina, que o presidente, oportunista e mentiroso como só ele sabe ser, comemora como se fosse mérito seu. Como explicou à Gazeta do Povo o coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, André Braz, o governo tem pouca influência direta, tanto positiva quanto negativa, sobre os preços da agropecuária. No caso específico das carnes, o que houve foi uma elevação de oferta, pois os produtores estão se desfazendo de matrizes devido à baixa rentabilidade, no chamado “ciclo pecuário”.
O oportunismo não termina aí. Lula já disse que vai se empenhar para baixar o preço do arroz e do feijão – algo que realmente pode ocorrer no futuro próximo, segundo os especialistas ouvidos pela Gazeta, mas novamente devido às mudanças naturais na oferta e na demanda, e não por alguma ação do governo; isso, obviamente, pouco importa para o petista, que estará pronto para, mais uma vez, colher mérito sem ter plantado nada. No entanto, se desta vez Lula não poderá se aproveitar de algo similar à deflação dos alimentos vista em 2023, resultado do trabalho duro de um setor que o petista adora demonizar, há algo que o governo pode, sim, fazer para domar a inflação.
A receita é simples: preservar o valor da moeda. Responsabilidade fiscal, busca de bons resultados primários baseada em racionalização dos gastos e não em tributação desenfreada, recuperação do grau de investimento por meio de boas políticas econômicas. Mas a simplicidade deste receituário é inversamente proporcional à vontade de Lula, do PT e da equipe econômica capitaneada por Fernando Haddad de colocá-lo em prática. Nesta toada, só resta mesmo a Lula torcer para o clima colaborar e para os preços internacionais das commodities se comportarem, pois só assim será possível compensar os efeitos inflacionários de sua paixão pela gastança.
Fonte: Por Gazeta do Povo
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