Bolsonaro, quando passou por Rondônia em 2018, antes de ser eleito presidente da República / Reprodução
Porto Velho, RO – A visita de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República, a Rondônia nos dias 25 e 26 de setembro, gera expectativa tanto entre seus apoiadores quanto entre seus opositores. Com eventos programados em cidades como Ji-Paraná, Ouro Preto, Jaru, Ariquemes e Porto Velho, a viagem servirá como um termômetro político para medir se o conservadorismo, que garantiu mais de 70% dos votos válidos para Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022 no estado, ainda exerce o mesmo peso. Mais do que isso, a visita testará a capacidade de Bolsonaro de transferir sua popularidade para os candidatos que o cercam em Rondônia.
O primeiro evento será em Ji-Paraná, no dia 25, com uma carreata e um ato ao lado de um importante correligionário local. O apoio de Bolsonaro, neste contexto, vai além de uma simples aliança partidária: é parte de um esforço para fortalecer o PL em uma região onde o prefeito também se posiciona como bolsonarista. Esse cenário reflete uma questão mais ampla: há muitos políticos que reivindicam o apoio de Bolsonaro em Rondônia, mas "pouco Bolsonaro" para atender a todos.
Bolsonaro mantém uma base de apoio sólida no estado, construída durante sua campanha presidencial de 2018 e reforçada em 2022, quando conquistou a maioria esmagadora dos votos rondonienses. No entanto, essa base foi desafiada nas eleições de 2022, quando Marcos Rogério, senador e presidente do PL em Rondônia, tentou derrotar o governador Coronel Marcos Rocha (União Brasil). Apesar de ambos serem aliados do ex-presidente, Rogério não conseguiu desbancar Rocha, que garantiu a reeleição com uma postura mais pragmática, enquanto o senador apostou na fidelidade ao discurso ideológico bolsonarista.
A derrota de Rogério levanta uma questão crucial: o bolsonarismo ideológico ainda é suficiente para vencer eleições? Até agora, a resposta parece ser negativa. Em Rondônia, o eleitorado demonstrou que prefere resultados concretos ao invés de uma adesão estrita à ideologia. O governador Marcos Rocha soube equilibrar seu discurso, focando em realizações administrativas e evitando entrar em disputas ideológicas. Em contrapartida, Rogério, fiel ao ex-presidente, foi rejeitado nas urnas.
A visita de Bolsonaro será, assim, um teste para essa divisão entre o bolsonarismo pragmático e o ideológico. Em Ji-Paraná, dois grupos bolsonaristas se enfrentarão: o PL, correligionário de Bolsonaro, e o atual prefeito, filiado ao MDB. Ambos buscam atrair a mesma base de eleitores conservadores, o que pode dividir o apoio e dificultar a definição de um "herdeiro político" claro do ex-presidente na cidade.
Em Porto Velho, Bolsonaro apoia a candidata do União Brasil, postulante ao cargo de prefeita com o apoio do governador Marcos Rocha. O atual prefeito, Hildon Chaves (PSDB), encerra agora seu ciclo administrativo com oito anos de gestão (dois mandatos inteiros), e a candidata apoiada por Rocha e Bolsonaro surge como favorita. No entanto, mesmo na capital, onde Bolsonaro sempre teve forte popularidade, o cenário eleitoral pode surpreender. Em 2018, na disputa pelo Governo de Rondônia, o candidato de esquerda Vinícius Miguel superou expectativas, conquistando mais de 110 mil votos, a grande maioria em Porto Velho, mostrando que a dinâmica política local é imprevisível.
Esses exemplos evidenciam que, embora Bolsonaro tenha mantido grande popularidade em Rondônia, não há garantias de que seu apoio seja suficiente para garantir vitórias a seus aliados. A política local é complexa, e fatores como a entrega de resultados por parte dos governantes e o apelo regional dos candidatos podem ter mais peso que a associação a uma figura nacional.
A visita de Bolsonaro também traz à tona um questionamento sobre o futuro de seus aliados no estado. Enquanto alguns, como os nomes de Ji-Paraná e Porto Velho, buscam reforçar seus laços com o ex-presidente, outros, como o prefeito de uma das principais cidades da Região Central, tentam construir um caminho próprio, sem romper com o bolsonarismo, mas focando mais em questões locais.
Por fim, a visita de Bolsonaro será um teste não apenas para os políticos que o cercam, mas também para o próprio ex-presidente. Ele ainda é capaz de mobilizar as massas com o mesmo fervor de 2018 e 2022? Ou sua força política está mais concentrada nas redes sociais e na nostalgia de seus seguidores? Essas são perguntas que apenas as próximas eleições poderão responder. Até lá, resta acompanhar como esses embates políticos se desdobram, lembrando que, na política, a única certeza é a incerteza.
Fonte: Por Rondoniadinamica
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