Porto Velho, RO - Na última quarta-feira (6), representantes do setor agropecuário, da indústria e parlamentares se reuniram na sede da Aprosoja Brasil, em Brasília, para discutir a produção sustentável no país, com ênfase nos bioinsumos aplicados à agropecuária, como na produção da soja.
O encontro aprofundou debate sobre dois projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional: o PL 3668/2021 e o PL 658/2021. Enquanto o PL 658 regulamenta e permite a produção de insumos biológicos dentro das propriedades rurais para uso próprio por parte dos agricultores, o PL 3668 impõe restrições a esta prática e exige desses insumos o mesmo tratamento dado aos produtos químicos.
O debate destacou a necessidade de um texto de consenso que garanta segurança jurídica às empresas e permita ao produtor rural produzir seus próprios bioinsumos sem burocracia. O uso no Brasil cresceu 50% nas últimas duas safras, segundo dados da FGV Agro, refletindo a crescente adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis.
De acordo com Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja Brasil, “o diálogo se baseou na ciência, na técnica e na criação de uma estrutura regulatória que proporcione segurança jurídica para todos os envolvidos.” Segundo o diretor, hoje existem três modelos de negócio: o produto de prateleira, fertilizantes e inoculantes, além da indústria de equipamentos que vende insumos para o agricultor fazer sua produção ”on farm”.
Produção ‘on farm’
Durante a discussão, um ponto-chave foi o conceito de “on farm”, que se refere à prática de produzir insumos biológicos diretamente nas propriedades rurais para consumo próprio. Essa abordagem tem se mostrado uma solução eficiente para os agricultores que buscam maior independência e sustentabilidade, reduzindo a dependência de insumos químicos importados. A produção de bioinsumos “on farm” utiliza recursos locais e soluções naturais, favorecendo a saúde do solo e das culturas.
A utilização de bioinsumos “on farm” apresenta grandes vantagens, especialmente na produção de soja. Ao tratar as sementes com produtos químicos, muitas vezes ocorre uma interferência no processo de germinação, que é crucial para o desenvolvimento da planta. Esse momento é quando a planta estabelece a base de sua interação com o solo, e os produtos químicos podem causar perturbações nesse processo, afetando a qualidade das raízes e o desenvolvimento inicial da planta.
Com a transição para o uso de biológicos, como inoculantes e outros microrganismos benéficos, a resposta da planta tende a ser muito mais positiva. Os biológicos melhoram a qualidade da germinação, estimulam o crescimento das raízes e são eficazes no controle de doenças. A aplicação adequada desses biológicos, como no sulco de plantio, também otimiza a integração dos insumos com o solo, com um controle mais eficiente e bons resultados.
Produção da soja e o uso de bioinsumos
O uso de bioinsumos no tratamento de sementes tem se mostrado fundamental para garantir uma soja mais saudável e produtiva. A adoção de bactérias e fungos benéficos, como tricodermas e bacilos, contribui para o controle biológico de doenças e favorece a fixação de nitrogênio, um nutriente essencial para o crescimento das plantas. Com a utilização de bioinsumos, é possível reduzir a agressividade dos tratamentos químicos, o que garante que a planta esteja bem estabelecida desde o início.
Além disso, o uso de equipamentos específicos que aplicam os biológicos diretamente no sulco de plantio, com a quantidade e pressão adequadas, garante máxima eficiência na distribuição e absorção dos insumos, com menos desperdícios e ótimos resultados.
O impacto do PL 658
A discussão também enfatizou a urgência na aprovação do PL 658, que deve ser votado até o final deste mês. Caso o projeto não seja aprovado ainda este ano, os agricultores que produzem bioinsumos, incluindo milhões de pequenos produtores de alimentos orgânicos, correrão o risco de se tornar ilegais ao continuar produzindo seus próprios insumos.
Fonte: Por Gabriel Almeida
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