
Wilson Lirmann, presidente da Volvo na América Latina, projeta ano difícil para a economia brasileira.| Foto: Divulgação/Volvo
Porto Velho, RO - Ao anunciar os resultados positivos obtidos em 2024, a Volvo demonstrou pessimismo em relação à economia brasileira neste ano. A montadora manteve a liderança na soma dos segmentos de caminhões semipesados e pesados no Brasil e planeja exportar veículos para o México nos próximos anos a partir de sua fábrica em Curitiba (PR).
Em 2024, a Volvo registrou 23.185 emplacamentos, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior, alcançando 23,7% de participação no mercado. O modelo mais vendido foi o FH 540, que com 7.765 unidades licenciadas foi o caminhão mais comercializado no Brasil pelo sexto ano consecutivo. No segmento de pesados, a Volvo totalizou 18.838 unidades vendidas no ano passado.
A empresa também liderou o setor de semipesados, com o modelo VM 290, que superou as 4 mil unidades comercializadas em 2024. Todos os caminhões das categorias pesados e semipesados são produzidos na fábrica de Curitiba, responsável por 99% do fornecimento da marca para a América Latina.
No entanto, de acordo com os executivos da companhia, apesar dos bons números no ano passado, a empresa calcula sofrer uma redução de 10% no faturamento, resultado atribuído à alta da taxas de juros, à inflação descontrolada e à volatilidade do câmbio.
Presidente da Volvo critica política econômica do governo Lula
O presidente da Volvo na América Latina, Wilson Lirmann, criticou a postura do governo federal em relação aos gastos públicos. “No começo do ano, tínhamos uma expectativa mais positiva, inclusive quanto à responsabilidade fiscal, que foi se deteriorando. É um governo com uma postura dúbia na economia. Acredita que o gasto é a vida, mas falta o ‘di’ para virar 'dívida' porque, no Brasil, gasto é dívida. Essa é a preocupação do mercado, pois essa conta chega a partir do segundo semestre”, afirmou.
Questionado sobre a relação da Volvo com a equipe econômica do governo, Lirmann disse que o diálogo ocorre por meio da associação do setor. “Temos um canal de comunicação com o governo federal através da nossa associação, pela qual o setor interage com as autoridades. A inflação, a alta taxa de juros e, principalmente, o problema fiscal são preocupações gerais das empresas. Precisamos de estabilidade quando olhamos para o longo prazo”, afirmou ele à Gazeta do Povo.
O executivo disse que não há expectativa de redução da carga tributária. “Sabemos que não há espaço para reduzir impostos devido à questão fiscal, mas o setor não suporta mais tributos, pois quem paga a conta é o consumidor final”, ressaltou.
Sem revelar os investimentos para o próximo triênio, Lirmann disse que a eleição presidencial de 2026 será um fator importante para o mercado. “É sempre um ponto de atenção, mas operamos em 119 países, e todos enfrentam tensões políticas. Olhamos para o longo prazo e o Brasil tem potencial, com população em crescimento, investimentos em infraestrutura e aumento da produção. Tenho certeza de que continuaremos investindo, pois nossos clientes exigem produtos cada vez mais sofisticados.”
Lirmann defendeu mudanças na legislação para impulsionar a adoção de caminhões híbridos e elétricos. “Temos pedido ao governo normas horizontais. A legislação brasileira precisa acompanhar a europeia, especialmente quanto à carga dianteira dos caminhões. As baterias pesam cerca de duas toneladas, exigindo uma carga dianteira maior. Estamos trabalhando com o Senado, apresentando relatórios técnicos que demonstram que essa mudança não compromete a segurança das estradas. Esse processo precisa avançar”, reivindicou.
Fábrica da Volvo em Curitiba exportará caminhões para o México
Responsável por 99% da produção de caminhões da Volvo na América Latina, a fábrica de Curitiba começará a exportar para o México em 2025. Os modelos FH e VM serão enviados em diferentes configurações.
“O mercado mexicano está gradualmente migrando para caminhões de cabine avançada. Vemos boas oportunidades para os modelos que produzimos no Brasil”, afirma Lirmann. Os primeiros embarques ocorrem ainda neste mês.
Além da abertura desse novo mercado, a Volvo comemora outras conquistas na América Latina em 2024. No Peru, a montadora entregou 2.064 caminhões, mantendo a liderança absoluta no país. No Chile, foram 1.260 veículos. Considerando as entregas no Brasil, principal mercado da região, e nos demais países do continente, a Volvo totalizou 27.111 caminhões vendidos na América Latina, um crescimento de 15% em relação a 2023.
Fonte: Por Lucas Saba
0 Comentários