
Arthur Toniza
A Segunda Guerra Mundial foi o maior e mais mortal conflito já visto na história da humanidade, com a estimativa de baixas, tanto de civis quanto de militares estando na faixa de 70-85 milhões de pessoas, além de considerar todo o teor ideológico e existencial que o conflito teve para diversas nações e etinias.
Em 2025 foram comemorados os 80 anos da rendição nazista, marcando o chamado Dia da Vitória na Europa ( celebrado no dia 8 de maio pelos aliados “ocidentais” e no dia 9 de maio pelo países da antiga União Soviética), porém o conflito só teria seu fim completo no dia 15 de agosto de 1945, com a rendição do Império do Japão.
A data é muito celebrada por diversas nações, como Rússia, Polônia, EUA, Reino Unido, etc, porém, em nosso país ele é muito pouco lembrado, apesar de termos sido a única nação latino americana a combater na Europa, mandando mais de 25 mil homens da FEB (Força Expedicionária Brasileira) para lutar na Itália.
Recentemente terminei o livro “Barbudos, Sujos e Fatigados”, uma obra de Cesar Maximiano que relata de forma extensa e intimista sobre as experiências dos veteranos brasileiros que lutaram no teatro do mediterrânio e, ao finalizá-lo e aprender mais sobre quem foram esses herois, eu me pergunto por que ignoramos seu legado?
O atual Presidente da República foi participar das festividades em Moscou e nada foi programado diretamente pelo governo federal para recordar a data, na realidade, nos últimos anos, nenhum dos nossos chefes de Estado fizeram qualquer esforço real para que a lembrança dos “pracinhas” (termo utilizado para se referenciar aos soldados da FEB) se mantivesse viva, enquanto isso em diversas cidades da Itália, das quais ajudamos a libertar do julgo dos nazifascitas, é honrado o legado e o espírito daqueles que morreram em uma terra estrangeira para libertar pessoas que nem mesmo falavam sua língua ou sabiam seus nomes.
Isso, em minha opinião, é uma vergonha, rememorar nossa vitória é também se recordar do espírito de liberdade e irmandade que permeiam o espírito de nossa nação, além de claro marcar nosso nome no esforço global que foi a queda de Hitler e suas ideias de ódio, racismo e autoritarismo, pensamento que devemos recusar e repudiar a todo custo.
Agora respondendo minha pergunta, a razão pela qual o governo parece, em algum grau, querer ignorar essa data é a que ela não beneficia nenhum projeto político desde a redemocratização em 1985, ela é vista apenas como uma pequena marca no grande livro da história nacional, visto que para muitos nossa contribuição foi “ignorável”.
Essas pessoas se esquecem de nosso papel na patrulha do Oceano Atlântico, dos 60 mil soldados da borracha, que foram para Amazônia para coletar látex e manter o esforço industrial de guerra, dos 1.074 brasileiros que morreram devido a ataques de submarinos alemães e italianos, dos pilotos que combateram nos céus da Europa, e de tantos outros brasileiros que contribuíram para o esforço Aliado.
O mundo não esqueceu de nosso esforço, visto que no pós guerra o Brasil foi chamado para participar da ocupação da Áustria e somos um dos membros fundadores das Nações Unidas, com Oswaldo Aranha sendo um dos primeiros Presidentes da Assembleia Geral da ONU.
Logo, se o mundo não esquece de sua história, por que devemos nos esquecer da nossa?
* Arthur Toniza é bacharel em Direito
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