
Os ministros Simone Tebet (Planejamento) e Fernando Haddad (Fazenda): governo vai aumentar IOF e bloquear recursos para cumprir metas fiscais. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Porto Velho, RO - Na quinta-feira, o governo pegou todo mundo de surpresa com o anúncio da elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tanto para operações de crédito para empresas como para envio de recursos para o exterior. A taxa, na média, subiu para 3,5%.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida visa a um maior equilíbrio das alíquotas com a padronização tributária. Embora este seja este o motivo alegado oficialmente, sabemos que a intenção é outra.
Na verdade, a elevação do IOF tem como objetivo aumentar a arrecadação do governo. Isso não é nenhuma novidade num governo que só busca o ajuste das contas públicas pelo lado da arrecadação, e não pelo corte de gastos.
O aumento do IOF vai trazer algumas consequências para a população. A primeira será o encarecimento do crédito, na medida em que as empresas vão repassar o aumento tributário nos preços finais de seus produtos e serviços. Com isso, perde o consumidor, ao pagar mais, e a empresa ao vender menos.
A princípio quem ganha é o governo ao arrecadar mais. Entretanto, este efeito não é certo, diante da possibilidade de queda da atividade econômica - ganho na arrecadação, mas perda de renda tributável, como explicado pela curva de Laffer.
Além disso, o aumento do IOF sinaliza definitivamente para o mercado - empresários e investidores - que o governo não está disposto mesmo a cortar gastos, gerando incertezas refletidas na cotação do dólar, na bolsa e nos juros futuros.
A desconfiança se torna ainda maior quando o governo anuncia a medida, mas volta atrás em alguns pontos, como tributação no envio de recursos para fundos de investimento no exterior ou contas de pessoa física mantidas em outros países.
Não é a primeira vez que o governo adota o “vai e vem” de medidas após ampla repercussão negativa.
Isso mostra que o presidente não governa focado em políticas ao país, assumindo o ônus de suas decisões, sejam elas boas ou ruins, mas fica apenas de olho na popularidade
Essa é a lógica populista do lulopetismo: se a medida pegar bem, mantém; se tiver repercussão negativa, voltam atrás. Enquanto isso, o país fica sem projeto econômico, completamente à deriva. Depois, não adianta culpar os vídeos do deputado Nikolas Ferreira.
Fonte: Por Alan Ghani
0 Comentários