Hugo Motta é o falso paladino da responsabilidade fiscal

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Hugo Motta é o falso paladino da responsabilidade fiscal


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda)

Porto Velho, RO - Quem ouviu o discurso de Hugo Motta na última quinta-feira (29), pode ter ficado com a falsa percepção de que o presidente da Câmara dos Deputados é um paladino da responsabilidade fiscal. “Para o Congresso, o mais importante neste momento é dizer que a sociedade não aguenta mais o aumento de impostos”, disse para jornalistas em reação a decisão do governo Lula de elevar a alíquota do IOF.

Na véspera, Hugo Motta havia tido um encontro político com Fernando Haddad e David Alcolumbre. Os representantes do legislativo foram cobrar o enfraquecido ministro da Fazenda a tomar medidas alternativas para equilibrar as contas do governo. Ficou acordado que Haddad tem 10 para encontrar uma solução, ou as medidas anunciadas por ele serão derrubadas no Congresso, fazendo o governo ficar sem decreto nem dinheiro.

O Congresso emparedou o Executivo porque na relação de canibalismo político que se dá de um para com o outro, qualquer oportunidade de aumentar a sangria é lucro. Hoje, ser presidente da Câmara ou presidente do Senado equivale a presidir um sindicato

Até parece que alguém está mesmo preocupado com o controle das contas. Por falar nelas, aliás, em abril a dívida pública federal bateu em R$ 7.6 trilhões, subindo 912 bilhões em apenas um ano. Uma fábula que não para de crescer impulsionada pelo gasto despudorado dos três poderes. Sim, Lula escolheu gastar para se reeleger. Mas o Congresso, dos impolutos Hugo Motta e Alcolumbre, não faz diferente. Ou, ao invés de carimbar o orçamento destinado às emendas impositivas, teria também dado sua quota de contribuição racionalizando as crescentes despesas com elas. As últimas eleições municipais mostraram o poder que tais recursos têm sob seus resultados. Quem recebe verba tem mais chance de ser reeleito.

“Precisamos discutir a vinculação das receitas, fazer uma reforma administrativa que traga mais eficiência à máquina pública. Só isso ajudará a melhorar o ambiente econômico para que o Brasil possa explorar seu potencial” disse Hugo Motta. O tom do presidente da Câmara só não é mais cômico do que farsesco. E não resiste a um exame factual objetivo.

A o contrário do que ele faz parecer, a atual legislatura é a mais perdulária da história recente. Na última semana foi aprovado o aumento do funcionalismo federal. O impacto fiscal será de R$ 76 bilhões nos próximos três anos. Outra pauta votada em maio foi a elevação do número de deputados, que subiu de 513 para 531. Isso para ficar apenas com aprovações recentes. No final de 2024, por exemplo, o governo chegou a encaminhar um projeto restringindo o pagamento dos chamados supersalários. O tema foi desidratado a tal ponto na Câmara que os supersalários acabaram sendo constitucionalizados.

O Congresso emparedou o Executivo porque na relação de canibalismo político que se dá de um para com o outro, qualquer oportunidade de aumentar a sangria é lucro. Hoje, ser presidente da Câmara ou presidente do Senado equivale a presidir um sindicato. Hugo Motta se apresentou rapidamente para capitalizar em cima de mais uma trapalhada do governo petista. Na prática, entretanto, seu compromisso não é com a responsabilidade, e sim em ampliar o poder de barganha daqueles a quem representa.

Fonte: Por Guilerme Macalossi

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