STF jamais conseguirá provar que houve uma tentativa de golpe de Estado

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STF jamais conseguirá provar que houve uma tentativa de golpe de Estado


STF julga núcleo 3; Defesas de militares alegam que "conversa de bar" não prova tentativa de golpe. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)


Porto Velho, RO - Tornou-se um mandamento religioso, daqueles que não podem ser discutidos em nenhuma circunstância, acreditar que houve uma tentativa de “golpe armado” no Brasil, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023. Na verdade, trata-se de um “combo”. Inclui, com a proposição original, as crenças de que o golpe foi orientado por Jair Bolsonaro, que a polícia e a PGR reuniram provas “robustas” contra os acusados e que eles estão recebendo o benefício de um julgamento imparcial, técnico e rigorosamente subordinado ao que está na lei.

O problema insanável disso tudo é que o enredo oficial não tem nada a ver com a vida real – trata-se de uma questão estritamente de fé. É vetada a apresentação de fatos, ou o exame de realidades materiais. Só existe a obrigação de acreditar, como o Corão exige que um muçulmano acredite que Alá é o único Deus e que Maomé é o seu profeta. Quem duvidar, fizer perguntas ou recorrer a lógica fica automaticamente fichado como infiel. No caso do “golpe”, por decisão unânime do STF, do governo Lula e da maior parte dos jornalistas, torna-se de imediato um golpista, extremista de direita e até mesmo bolsonarista.

Estamos de volta à escuridão dos Processos de Moscou, das fogueiras da Inquisição e das 'Provas de Deus', em que o acusado tinha de provar a sua inocência – com o aperfeiçoamento de que na farsa de Brasília os réus provam que não fizeram nada, e os juízes mandam que calem a boca

Nada mais natural, portanto, que muito pouca gente se anime a levantar a questão essencial: “Se há crime, onde estão as provas?”. Por “provas”, aqui entenda-se provas de verdade, tais como seriam levadas a sério num tribunal de Justiça de qualquer país civilizado do mundo. É algo que não tem nada a ver com o patético amontoado de suposições, fantasias e disparates que compõe as 900 páginas do relatório de acusação da Polícia Federal e a sua aceitação passiva, com casca e tudo, pela PGR.

Se não há provas do suposto golpe – e ninguém até agora, após anos dois anos inteiros de investigação e dezenas de milhões investidos na busca de culpados, apresentou uma única prova objetiva de nada – também não há julgamento. O que há é um embuste no qual os réus já estão condenados antes da sentença e não existe, na prática, o direito de defesa. O que há é uma mentirada em que as razões dos advogados não são jamais levadas em conta, seja lá quais forem, os juízes antecipam que os réus são culpados e a mídia mostra como se fosse um julgamento genuíno.

Nada será suficiente para relatar a real extensão dessa infâmia – nossa versão jurídica do clássico heart of darkness descrito no romance de Conrad. Estamos em pleno coração da treva, e a cada dia de julgamento fica mais óbvio, perante o mundo inteiro, que o STF enterrou o Brasil na barbárie legal. Estamos de volta à escuridão dos Processos de Moscou, das fogueiras da Inquisição e das “Provas de Deus”, em que o acusado tinha de provar a sua inocência – com o aperfeiçoamento de que na farsa de Brasília os réus provam que não fizeram nada, e os juízes mandam que calem a boca.

Os crentes do consórcio STF-Lula ficam horrorizados quando, em meio ao silêncio geral, ouvem observações como essa. Quer dizer, perguntam-se indignados, que as “provas” reunidas pela polícia não são suficientes? Por acaso estão duvidando da PF, ou achando que alguém ali seria capaz de mentir? Alguém consegue imaginar que um ministro do STF possa ter uma conduta parcial? A resposta a tudo isso é “não”. Não, não é assim – é muito pior, em cada pergunta. Para resumir a ópera: o regime, pelo que está patente nos autos, jamais conseguirá provar com um mínimo de racionalidade que houve uma tentativa de golpe de Estado – e muito menos que os que estão sendo acusados têm alguma coisa a ver com ele. Não há solução para isso.

Fonte: Por J.R.Guzzo

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