
Por Isabella de Paula
Seis meses após retornar à Casa Branca, o republicano Donald Trump acumula vitórias com o avanço de sua agenda nacional no Congresso e no Judiciário. Por outro lado, iniciou uma disputa política e econômica com o Brasil que não parece estar perto do fim.
Desde o início do mês, o presidente americano tem demonstrado um maior interesse pela situação política do Brasil ao apoiar explicitamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta um julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado no STF. Trump compara o caso ao que aconteceu com ele no passado e diz que tudo não passa de "perseguição política".
Em 9 de julho, o republicano anunciou uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras, justificando-a com base, entre outras coisas, na "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
"A maneira como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional", afirmou o republicano na ocasião.
Após o anúncio, o presidente Lula (PT) prometeu que seu governo retribuiria a medida. Desde então, a disputa entre os países escalou rapidamente com potencial de grandes impactos econômicos e políticos, principalmente para o Brasil.
Liberdade de expressão em xeque
Trump também apontou em seus argumentos sobre o tarifaço que o Brasil violou o direito à liberdade de expressão por meio de "ordens de censura secretas e ilegais" contra empresas dos Estados Unidos, algo que viola a soberania americana.
Por isso, determinou a abertura de uma investigação comercial para apurar supostas práticas "desleais" do Brasil que afetam o comércio nos Estados Unidos, o que pode resultar em tarifas adicionais ao país.
No mesmo dia do anúncio da tarifa, Lula saiu em defesa do Supremo Tribunal Federal afirmando que a corte está apenas aplicando a lei brasileira. "No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas", disse o governo por meio de um comunicado oficial.
Essa não é a primeira ação de Trump acusando o Brasil de violações a direitos fundamentais. Em fevereiro, sua empresa Trump Media acionou um tribunal na Flórida, junto à plataforma de vídeos Rumble, contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que supervisiona o caso do Bolsonaro, por notificar judicialmente empresas de tecnologia americanas para excluírem centenas de contas das redes sociais que, segundo o magistrado, ameaçavam a democracia brasileira. A maioria dos perfis era de figuras da direita brasileira.
Nesta semana, as partes autoras apresentaram uma nova petição à Justiça Federal da Flórida, solicitando que uma ordem do ministro determinando o bloqueio de uma conta vinculada a Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, fosse considerada ilegal.
Investigações contra Moraes também são conduzidas em comitês do Congresso americano. Deputados republicanos têm pressionado o governo a aplicar sanções contra o ministro brasileiro por suas ações.
Vitórias e desafios dos seis meses de governo Trump
Apesar dos recentes desafios em relação ao Brasil, Trump acumula vitórias nos primeiros seis meses deste segundo mandato.
Projeto fiscal aprovado - um dos "cases de sucesso" recentes do presidente na política interna foi a aprovação do pacote fiscal no Congresso para o próximo ano, que visa eliminar impostos, financiar políticas de segurança nacional e imigração e reduzir gastos com a rede de previdência social. Confira os principais pontos aqui.
Decisões da Suprema Corte - Trump também obteve vitórias significativas no tribunal superior dos Estados Unidos contra decisões de juízes progressistas que tentaram limitar suas ações executivas.
Desde janeiro, o colegiado de maioria conservadora tem dado sinal verde para o presidente seguir com algumas pautas de sua agenda. Casos recentes são a permissão de realizar demissões em massa de funcionários públicos, a limitação dos poderes dos juízes para concederem liminares em nível nacional, a revogação de vistos de 500 mil imigrantes e a proibição de transgêneros nas Forças Armadas.
Aumento de gastos da Otan - no final de junho, Trump obteve uma vitória muito esperada na política externa com o aumento de gastos da Otan, aliança militar que foi criticada pelo presidente por ser considerada "obsoleta", mas que agora voltou a apoiar.
Os países-membros da Otan reafirmaram seu compromisso com a defesa coletiva e se comprometeram a investir 5% de seu PIB em defesa até 2035, algo que Trump defendia, mas não tinha o apoio dos aliados.
Desde então, o secretário-geral da organização, o holandês Mark Rutte, vem demonstrando uma crescente afinidade com Trump, o que indica que os Estados Unidos devem se manter próximos ao acordo.
"Tarifas recíprocas" - o tarifaço anunciado por Trump contra dezenas de países permanece na lista de desafios que ainda serão enfrentados pela Casa Branca nos próximos meses.
O presidente tem pressionado individualmente as nações a negociarem acordos comerciais com Washington, mas até o momento poucos se sentaram à mesa para fechar acordos.
A China foi o principal alvo de Trump com a medida. Os países entraram numa guerra comercial em abril e agora tentam chegar a um acordo permanente por meio de reuniões, mas continuam trocando hostilidades ao tratarem de negócios.
Desde o anúncio de sua política tarifária, Trump conseguiu acordos comerciais com Pequim, Reino Unido, Vietnã e Indonésia.
Na quarta-feira, Trump disse que está "muito próximo" de chegar a um pacto tarifário com a Índia. "Estamos muito perto de um acordo com a Índia. Estamos em negociações. Quando eu envio uma carta, é um acordo", disse o republicano na Casa Branca.
Seis meses após retornar à Casa Branca, o republicano Donald Trump acumula vitórias com o avanço de sua agenda nacional no Congresso e no Judiciário. Por outro lado, iniciou uma disputa política e econômica com o Brasil que não parece estar perto do fim.
Desde o início do mês, o presidente americano tem demonstrado um maior interesse pela situação política do Brasil ao apoiar explicitamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta um julgamento por suposta tentativa de golpe de Estado no STF. Trump compara o caso ao que aconteceu com ele no passado e diz que tudo não passa de "perseguição política".
Em 9 de julho, o republicano anunciou uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras, justificando-a com base, entre outras coisas, na "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
"A maneira como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional", afirmou o republicano na ocasião.
Após o anúncio, o presidente Lula (PT) prometeu que seu governo retribuiria a medida. Desde então, a disputa entre os países escalou rapidamente com potencial de grandes impactos econômicos e políticos, principalmente para o Brasil.
Liberdade de expressão em xeque
Trump também apontou em seus argumentos sobre o tarifaço que o Brasil violou o direito à liberdade de expressão por meio de "ordens de censura secretas e ilegais" contra empresas dos Estados Unidos, algo que viola a soberania americana.
Por isso, determinou a abertura de uma investigação comercial para apurar supostas práticas "desleais" do Brasil que afetam o comércio nos Estados Unidos, o que pode resultar em tarifas adicionais ao país.
No mesmo dia do anúncio da tarifa, Lula saiu em defesa do Supremo Tribunal Federal afirmando que a corte está apenas aplicando a lei brasileira. "No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas", disse o governo por meio de um comunicado oficial.
Essa não é a primeira ação de Trump acusando o Brasil de violações a direitos fundamentais. Em fevereiro, sua empresa Trump Media acionou um tribunal na Flórida, junto à plataforma de vídeos Rumble, contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que supervisiona o caso do Bolsonaro, por notificar judicialmente empresas de tecnologia americanas para excluírem centenas de contas das redes sociais que, segundo o magistrado, ameaçavam a democracia brasileira. A maioria dos perfis era de figuras da direita brasileira.
Nesta semana, as partes autoras apresentaram uma nova petição à Justiça Federal da Flórida, solicitando que uma ordem do ministro determinando o bloqueio de uma conta vinculada a Rodrigo Constantino, colunista da Gazeta do Povo, fosse considerada ilegal.
Investigações contra Moraes também são conduzidas em comitês do Congresso americano. Deputados republicanos têm pressionado o governo a aplicar sanções contra o ministro brasileiro por suas ações.
Vitórias e desafios dos seis meses de governo Trump
Apesar dos recentes desafios em relação ao Brasil, Trump acumula vitórias nos primeiros seis meses deste segundo mandato.
Projeto fiscal aprovado - um dos "cases de sucesso" recentes do presidente na política interna foi a aprovação do pacote fiscal no Congresso para o próximo ano, que visa eliminar impostos, financiar políticas de segurança nacional e imigração e reduzir gastos com a rede de previdência social. Confira os principais pontos aqui.
Decisões da Suprema Corte - Trump também obteve vitórias significativas no tribunal superior dos Estados Unidos contra decisões de juízes progressistas que tentaram limitar suas ações executivas.
Desde janeiro, o colegiado de maioria conservadora tem dado sinal verde para o presidente seguir com algumas pautas de sua agenda. Casos recentes são a permissão de realizar demissões em massa de funcionários públicos, a limitação dos poderes dos juízes para concederem liminares em nível nacional, a revogação de vistos de 500 mil imigrantes e a proibição de transgêneros nas Forças Armadas.
Aumento de gastos da Otan - no final de junho, Trump obteve uma vitória muito esperada na política externa com o aumento de gastos da Otan, aliança militar que foi criticada pelo presidente por ser considerada "obsoleta", mas que agora voltou a apoiar.
Os países-membros da Otan reafirmaram seu compromisso com a defesa coletiva e se comprometeram a investir 5% de seu PIB em defesa até 2035, algo que Trump defendia, mas não tinha o apoio dos aliados.
Desde então, o secretário-geral da organização, o holandês Mark Rutte, vem demonstrando uma crescente afinidade com Trump, o que indica que os Estados Unidos devem se manter próximos ao acordo.
"Tarifas recíprocas" - o tarifaço anunciado por Trump contra dezenas de países permanece na lista de desafios que ainda serão enfrentados pela Casa Branca nos próximos meses.
O presidente tem pressionado individualmente as nações a negociarem acordos comerciais com Washington, mas até o momento poucos se sentaram à mesa para fechar acordos.
A China foi o principal alvo de Trump com a medida. Os países entraram numa guerra comercial em abril e agora tentam chegar a um acordo permanente por meio de reuniões, mas continuam trocando hostilidades ao tratarem de negócios.
Desde o anúncio de sua política tarifária, Trump conseguiu acordos comerciais com Pequim, Reino Unido, Vietnã e Indonésia.
Na quarta-feira, Trump disse que está "muito próximo" de chegar a um pacto tarifário com a Índia. "Estamos muito perto de um acordo com a Índia. Estamos em negociações. Quando eu envio uma carta, é um acordo", disse o republicano na Casa Branca.
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