
Porto Velho, RO - O autor do best-seller “Como as democracias morrem” apareceu no Brasil visitando Lula. Ele elogiou o atual regime brasileiro e criticou o atual governo norte-americano. Pelo visto, o escritor está bem atualizado sobre como as democracias morrem - e está divulgando a receita para quem se interessar.
O proselitismo de Steven Levitzky e seu best-seller de sinal trocado simboliza, de forma eloquente, um universo intelectual falido. Um dia o mundo haverá de reconhecer o transformismo da ética. No caso norte-americano, uma ciência política de ocasião que vive de incensar heróis cenográficos. Como fica essa retórica diante das investigações contra Barack Obama? Será que o mocinho do filme era na verdade o vilão?
Os documentos encaminhados pela diretora de Inteligência Tulsi Gabbard à justiça dos EUA trazem um cenário grave. Eles contêm indícios da manipulação de agências como CIA e NSI para fabricar a história do Caso Rússia - a tese de que Donald Trump teria sido eleito em 2016 com interferência russa no processo eleitoral americano. Passaram anos propagando essa tese jamais comprovada - com ajuda da imprensa e dessa intelectualidade mistificadora.
Como as democracias morrem? Podem morrer de várias formas. Uma delas é de envenenamento demagógico. Imagine, por exemplo, um líder político adepto da censura e admirador confesso do padrão chinês de controle da comunicação sendo elogiado por intelectuais famosos, considerados, por boa parte da opinião pública, como defensores da liberdade. Se esse prestígio ajudar o referido líder a instituir o autoritarismo no uso das redes sociais, terá sido positivamente uma forma de matar a democracia. Ou de começar a matá-la.
Os falsos samaritanos têm desfilado por aí tranquilamente, sem contratempos. Dão palestras concorridas, ganham cachês polpudos em eventos moderninhos, vendem livros, discos e faturam com filmes - sempre industrializando mensagens de esperança em conflito com a realidade. Em pleno escândalo do mensalão, o cantor Bono Vox baixou no Brasil para dar uma guitarra de presente ao programa Fome Zero - que por sua vez foi extinto por falta de resultados.
A corrupção e a má gestão social ganharam uma forcinha do popstar, que não teve nenhuma dor de cabeça por causa disso. Ao contrário, continua por aí defendendo o indefensável - como se viu recentemente no patético protesto contra o fechamento da USAID, entidade envolvida com práticas obscuras de interferência política com pretexto humanitário.
O que será que o autor de “Como as democracias morrem” acha do assassinato da democracia na Venezuela? Como será que ele vê a aliança histórica do presidente brasileiro - esse que ele elogiou - com o ditador vizinho? Será que para o cientista político Steven Levitzky existe ditadura democrática? Como as ditaduras morrem, com intelectuais sorridentes fazendo vista grossa para elas?
A morte das ditaduras depende da exposição dos hipócritas.
Fonte: Por Guilherme Fiuza
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