
Porto Velho, RO - Morreu na noite deste sábado (13), aos 89 anos, o músico alagoano Hermeto Pascoal. Segundo o Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro, onde ele estava internado, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, decorrente de complicações respiratórias relacionadas à fibrose pulmonar em estado avançado.
"Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música", informa um post publicado em suas redes sociais. "Como ele sempre nos ensinou, não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d'água, a cachoeira. A música universal segue viva."
Nascido em Lagoa da Canoa, então distrito da cidade de Arapiraca, Pascoal era portador de albinismo e estrabismo, o que o impedia de trabalhar na roça desde a infância. Essa condição o aproximou da música, que aprendeu de forma autodidata.
Conhecido por criar sons com objetos inusitados (como panelas, garrafas, brinquedos e até animais), o chamado "Bruxo da MPB" deixou uma obra marcada pela improvisação e a experimentação. Rejeitava rótulos e chamava seu trabalho de "música universal".
A partir dos anos 1970, ganhou reconhecimento mundial e fãs ilustres — como o ícone do jazz Miles Davis, que o definiu como "o músico mais impressionante do mundo". No Brasil, colaborou com nomes como Elis Regina, Sivuca, Egberto Gismonti, Tom Jobim, Heraldo do Monte, Airto Moreira e Flora Purim.
Em 2024, Pascoal gravou seu último álbum de composições inéditas, “Pra você, Ilza” — uma declaração de amor a Ilza Souza Silva, sua companheira por 46 anos, morta em 2000. No mesmo ano, ele ganhou sua primeira biografia oficial, escrita pelo jornalista Vitor Nuzzi.
Sua última apresentação estava agendada para este sábado, no festival mineiro Acessa BH, mas foi cancelada devido ao agravamento de seu estado de saúde. O músico deixa seis filhos, 13 netos e dez bisnetos.
Fonte: Por Omar Godoy
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