Pós-isolamento social, pais devem se atentar à ansiedade e depressão em filhos

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Pós-isolamento social, pais devem se atentar à ansiedade e depressão em filhos


A família deve proporcionar momentos de lazer que envolvam socialização e motivar a criança ou adolescente a viver de modo diferente.| Foto: Bigstock


Porto Velho, RO - Irritabilidade, medos excessivos, alteração de apetite e de sono em crianças e adolescentes são alertas para transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, principalmente no período pós-confinamento social.

Nos primeiros seis meses de 2021, os hospitais infantis dos Estados Unidos relataram um aumento de 45% no número de casos de automutilação e suicídio em crianças de 5 a 17 anos em comparação com o mesmo período em 2019, de acordo com Amy Wimpey Knight, presidente da Associação de Hospitais Infantis.

O aumento nos casos de transtornos psicológicos se deu em todo o mundo, principalmente pelo isolamento social, acrescido do estresse escolar e dos problemas familiares acentuados com a pandemia.

Alerta aos sinais apresentados pelas crianças


Para identificar nas crianças o acometimento da ansiedade, depressão ou outro transtorno, é importante que a família esteja atenta a sinais, principalmente quando há alterações biológicas, fisiológicas ou emocionais, explica Bruna Anastácia Bezerra Capistrano, psicóloga infantil.

“Dentro do desenvolvimento saudável, a criança deseja brincar. Quando ela está acometida de ansiedade ou depressão, ela rejeita brincadeiras e busca ficar sozinha, sem interagir com os outros, apática, com medos e choros frequentes, sem motivo justificável, inclusive com dores de cabeça e de estômago, sem causa aparente nos exames médicos”, exemplifica a psicóloga.

A psicóloga infantil, especialista em neuropsicologia e psicopedagogia, Ana Paola Parentoni, destaca que as crianças não têm a mesma capacidade e maturidade de verbalizar o seu sofrimento de um adulto. Por isso, é muito importante que as mudanças no comportamento da criança sejam notadas rapidamente, para que lhe seja destinado o tratamento adequado.

“A melhor forma de ajudar as crianças e adolescentes com qualquer tipo de transtorno emocional é levá-los ao profissional adequado, que cuide da saúde mental, especializado na área infantil”, orienta a especialista em neuropsicologia.

Dependendo da gravidade do transtorno, o psicólogo terá capacidade, através da avaliação da criança, de encaminhá-la ao psiquiatra infantil para alinhar a psicoterapia com um tratamento medicamentoso, acrescenta a profissional.

Apoio dos pais é fundamental

Acolher, conversar e tentar compreender tudo que a criança está passando, sem subestimá-la, são atitudes fundamentais que os pais devem tomar para o sucesso do tratamento.

“O grande papel da família é o acolhimento. Acolher e validar as emoções da criança, desde muito cedo, ensinando que nenhuma emoção é ruim ou inferior, mas que todas são importantes, contribui para criar um ambiente seguro para seu amadurecimento”, explica Bruna.

A postura dos pais deve ser sempre acolhedora, evitando julgar a criança ou adolescente, pois transtornos psicológicos não se resumem a motivação e vontade do paciente, mas requerem um tratamento adequado, alerta Ana Paola.

Além disso, Bruna destaca a importância de os pais buscarem informações acerca dos transtornos, para que aprendam a identificar e saber como lidar, pois quanto mais cedo for feita a intervenção psicológica, mais cedo haverá o êxito no tratamento.

Intervenção precoce

Para evitar um tratamento emergencial ou até mesmo o internamento em uma unidade psiquiátrica é necessário que a família se atente para a intervenção precoce, logo que a criança manifeste sinais de alerta.

“Os primeiros sinais não acontecem de forma abrupta ou intensa, portanto é importante identificá-los para evitar que se agravem, destaca Bruna.

Iniciado o tratamento de forma precoce, os pais devem seguir as recomendações do profissional que acompanha a criança, solicitando que tanto os familiares como a comunidade escolar mantenham os cuidados orientados.

Ana Paola explica que há uma tendência nas famílias em acreditar que com o tempo os sintomas e os sofrimentos irão passar, porém, com o tempo, podem se agravar.

Portanto, o ideal é que os pais não julguem o sofrimento da criança ou do adolescente e o levem ao profissional adequado, priorizando a saúde emocional e qualidade de vida do menor.

Família e escola: uma parceria que dá certo


A escola tem papel fundamental de auxílio para a família com o fornecimento de informações, orientação e acolhimento. Inclusive, pode contribuir para a identificação das mudanças de comportamento apresentadas pela criança.

“A escola pode fazer uma ponte com o terapeuta ou psiquiatra que acompanha a criança para adotar medidas que melhoram o ambiente escolar para a criança, propiciando que ela se sinta confortável, acolhida e motivada a continuar nos estudos”, sugere Ana Paola.

Além do mais, a psicóloga sugere que seja realizada a psicoeducação com os professores e funcionários da escola, para que tenham conhecimento dos transtornos psicológicos. Assim, poderão tanto auxiliar na identificação dos sintomas como, também, conhecendo os impactos e prejuízos na vida do aluno, poderão agir de forma diferente.

Como ajudar os filhos no retorno à vida fora de casa

Muitas crianças e adolescentes têm apresentado dificuldade para retomar a rotina nas atividades do cotidiano, com o acometimento de sintomas de ansiedade ao sair de casa.

Para auxiliar ao retorno presencial das atividades, Bruna indica que a família proporcione momentos de lazer que envolvam socialização e motive a criança ou adolescente a viver de modo diferente de como foram os anos de confinamento.

Para auxiliá-los, a família pode, de forma gradual, buscar acompanhá-la em atividades que ela realizava com prazer antes do isolamento social, como um passeio na praça ou uma ida à sorveteria.

Além de ser feito de forma gradativa, a criança precisa ter sempre presente com ela uma figura de afeto, sejam os pais, um colega da escola ou outra pessoa que ela goste de estar junto, para que aumente sua segurança”, orienta Ana Paola.

No retorno às aulas, por exemplo, os pais podem realizar uma visita na escola com a criança um dia antes do início das aulas. Com isso, ela poderá ver a estrutura da escola, reencontrar os funcionários, principalmente aqueles com quem tinha vínculos de afeto e restabelecer a segurança no local.

Nesse momento é fundamental que a criança ou adolescente tenha um ambiente saudável de expressão emocional, com acolhimento e validação emocional, explica Bruna. “Assim a criança vai se sentir mais segura, ter confiança e tenderá a diminuir problemas emocionais frequentes, como desencadeamento de depressão ou ansiedade”, complementa a profissional.

Fonte: Por Sissy Zambão, especial para o Sempre Família

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