A esquerda hoje é uma ideologia 100% antipobre, capitalista selvagem e patronal

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A esquerda hoje é uma ideologia 100% antipobre, capitalista selvagem e patronal


Lançamento do programa Escola Sustentável, em 2018.| Foto: Prefeitura Municipal de Serrinha

Porto Velho, RO - Uma senhora bem nascida, que certamente foi bem alimentada na infância e ganha num mês mais do que um sertanejo beneficiário de bolsa família ganha num ano, passa num concurso de procuradora no Nordeste, vai para o sertão e alega que carne é cara, de modo que as escolas públicas têm que parar de oferecê-la às crianças. Tem-se uma vilã tão perfeita, mas tão perfeita, que parece inventada. E mais: inventada por um cineasta bem panfletário, tipo Wagner Moura ou Kléber Mendonça. A procuradora é branca? É, sim. Branca feito um papel. Então pronto: no sertão do estado mais africano do Brasil, uma rica encastelada no Estado abusa de seu próprio poder e ordena: “Que comam carne em casa com seu dinheiro”. Tem-se um roteiro para um filme caviar gauche a ser exibido em Berlim e Paris.

No entanto, não só essa senhora é real, como não deu em nada. Só um jornal “de direita”, fundado no Paraná, reclamou. A beautiful people do principal jornal baiano, o Correio, achou tudo muito bonito. Não deu um pio criticando – nem mesmo quando a Escola Bahiana de Medicina destacou o caráter experimental do arbítrio ao anunciar que as crianças seriam objeto de estudo. Experimentação com a saúde de crianças pobres e mulatinhas: coisa de nazista.

A esquerda é uma desgraça

No ano de 2022, no Brasil, podemos olhar esse caso e dizer, com razão, que a esquerda é uma desgraça. Porque nós sabemos que – ao menos agora, em 2022 – as pautas da “sustentabilidade” (i. e., neomalthusianismo genocida travestido de ambientalismo) e da “diversidade” (i. e., cotas baseadas em ideologias de gênero e de raça) andam de braços dados. Se Lula antes celebrava o churrascão do povo como signo de sucesso, agora já diz que a classe média brasileira não pode ter mais conforto que a europeia (que tempos!), e toma lições com a Janja para não ofender os veganos. A missão da esquerda, hoje, não é cuidar do trabalhador, é cuidar do “planeta”. Em vez de pedir salário bastante para um pai de família bancar mulher e filharada, ou licença maternidade e creche para as mães trabalhadoras não deixarem os filhos sem guarida, a esquerda hoje pede direito à castração e ao aborto. A esquerda hoje é uma ideologia 100% antipobre, capitalista selvagem e patronal.

No entanto, ela costuma se mascarar. Veja bem, não é que seja a favor de um trabalhador não ter capacidade de manter o lar com uma mulher dona de casa – é a favor da libertação da mulher das amarras do casamento. Veja bem, não é que seja a favor de uma trabalhadora não ter capacidade de alimentar os filhos com o salário – é a favor da libertação da mulher das amarras da maternidade. Veja bem, não é que seja a favor de interferir nos preços e achatar salários de modo que os trabalhadores não possam ter um carro e se alimentar de modo saudável, com a vitamina B12 do bifinho ajudando a desenvolver o cérebro das crianças – é tudo para salvar o planeta. Do contrário, a gasolina dos carros e o pum da vaca vão acabar com o planeta!! Peter Singer diz que carne é um luxo (e que macacos são pessoas racionais capazes de se comunicar igual a surdos-mudos), então só pode ser verdade. Em nome do futuro das crianças, cortem os bifinhos das crianças!

Veja bem, não se trata de dizer que o trabalhador não deve ter um conforto financeiro caso caia doente e, portanto, deve morrer tão logo cesse a sua produtividade. Trata-se do direito à morte digna, à eutanásia! Por isso é que o Canadá a custeia: porque é bom e compassivo.

Liberal de modess é uma desgraça

Eu disse que hoje, em 2022, a esquerda é uma desgraça; mais precisamente, é essa desgraça da “sustentabilidade” mais “diversidade”, que vem sendo implementada de cima a baixo por capitalistas selvagens, monopolistas, via ESG. Essa gente faz do Estado um puxadinho das corporações: seja ele um comprador de modess a serem distribuídos, ou um Leviatã a congelar as contas bancárias de quem não quiser aderir à compliance público-privada. Não tomou a vacina de Covid comprada com o seu dinheiro e fez protesto contra a obrigatoriedade? Trudeau congela suas contas bancárias e lhe bota na cadeia.

Pois muito bem: o Novo, partido cujos financiadores eram ligados ao Itaú, que usou as assinaturas dos bolsonaristas para ser aberto e depois os expulsou, agora lança sua chapa puro sangue à presidência. O ponto chave do seu plano de governo é transformar o Brasil num país verde de carbono zero.

Não, não importa o que o Sri Lanka vive atualmente. Não, não importa que a política verde do Sri Lanka tenha sido bolada por uma intelectual querida pelo MST.

Não faz sentido dizer que o Novo é de esquerda (como diriam os tios do zape), nem que o MST é neoliberal (como diriam o PCO e similares). Trata-se de uma ideologia à parte que deglute tudo. Que se infiltra na esquerda e na direita; no Estado e nas universidades.

Mesma linguagem

Voltemos à procuradora que deixou as crianças sem carne, ovos e leite. Se repetíssemos a retórica anticomunista comum, deixaríamos passar batido o elefante na sala: o linguajar liberal dela. A mesma agenda que se disfarça de esquerda usando a linguagem dos direitos – direito a não cuidar dos filhos, a abortá-los, a cortar fora as próprias tetas ou o próprio pênis, a ser morto por um médico quando estiver dando prejuízo ao Estado ou ao patrão –, disfarça-se também de liberal usando a linguagem da economia. Quer fazer algo diferente da Única Agenda Legítima? Pois só com o seu dinheiro, já que a Voz da Siença determinou que comer carne é anticientífico, e o Estado deve se guiar pela Siença – ou por alguns especialistas pinçados, o que dá na mesma. Assim como a esquerda sacrificou o trabalhador no altar do progressismo, o liberalismo sacrificou a democracia. Agora quem nos é apresentado como mandante legítimo é uma ciência corrupta.

A linguagem da procuradora tem um precedente bastante reconhecível no livreto de R. C. Christian, o autor das Pedras Guias da Geórgia de que tratei neste texto. Como vimos, o mandamento mais sinistro é o primeiro, de manter a humanidade abaixo do meio bilhão. No livro Common Sense Renewed, ele se explica: “A reprodução não é mais uma questão pessoal entre dois indivíduos. Mais do que qualquer outra ação humana, ela afeta toda a sociedade, agora e em eras futuras” (p. 25). Até aqui, o linguajar é palatável à esquerda totalitária. No entanto, o parágrafo imediatamente anterior começa com um linguajar liberal econômico individualista e de austeridade fiscal: “As nações industrializadas estão sob um fardo cada vez maior de custos sociais e monetários de criar filhos produzidos por pais irresponsáveis e inadequados. Isto é uma grave injustiça contra tais crianças e contra os pagadores de impostos que estão sob o peso dos custos de dar-lhes comida, roupa, educação e habitação”.

O teor da conclusão dele está em completa oposição tanto ao liberalismo quanto à esquerda histórica. O liberalismo é contra o planejamento centralizado; a esquerda, a seu turno, sempre quis planejar o possível e o impossível tendo apenas o homem em vista – não as baleias ou o carbono.

Leiamos mais: “A sociedade pode prover incentivos e desincentivos práticos para guiar os indivíduos em sua procriação de modo a proteger os interesses legítimos e de longo prazo de um grupo social maior. Isto deve ser feito, ainda que às vezes os desejos dos indivíduos tenham de se submeter às necessidades do estado [em minúscula mesmo]. Compromissos razoáveis podem alcançar um equilíbrio entre os direitos do indivíduo e os dos outros cidadãos”. Este parágrafo é vago e formulado em conformidade com o vocabulário corrente nos dias de hoje. Poderia ter sido escrito por alguém do Novo ou do PSB. Pode soar moderadíssimo, razoabilíssimo. O problema é que o pretenso iluminado que o redigiu – e os pretensos iluminados que o leem – creem estar de acordo quanto ao que é razoável. E assim segue o documento: “A humanidade teve sucesso ao aplicar princípios genéticos práticos na domesticação de plantas e animais. Agora está sob o nosso poder começar a domesticação da nossa própria espécie. […] Nenhum bebê deveria nascer por acidente”. E quanta gente deveria existir nesse mundo maravilhoso? Menos de meio bilhão, mesmo: “Os excessos na procriação amiúde resultam em degradação e pobreza. Seria difícil, até no curto prazo, prover cinco bilhões de seres humanos com os padrões materiais atuais, típicos das sociedades tecnicamente avançadas de hoje. Uma redução no número total é essencial para maximizar o potencial de todo ser humano. […] Prover 500 milhões de pessoas com os padrões de vida americanos pode exceder aquele limite numa escala temporal perpétua”.

Às vezes a campanha contra a pobreza e a doença é uma campanha contra os pobres e os doentes. E o planeta sem dúvida importa mais do que eles.

Fonte: Por Bruna Frascolla

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