
Porto Velho, RO - A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal funcional, crônico e de difícil diagnóstico, que afeta o funcionamento do intestino sem necessariamente apresentar alterações visíveis em exames laboratoriais ou de imagem. Estima-se que a síndroma atinja entre 10% e 25% da população mundial, sendo mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos. No Brasil, cerca de 12% da população convive com a SII. E embora não tenha cura, a condição pode ser controlada com mudanças no co tidiano, especialmente na alimentação.
Origem e sintomas
A causa exata da síndrome ainda é desconhecida, mas fatores como sensibilidade visceral aumentada, alterações na motilidade intestinal, flora intestinal desequilibrada e eventos emocionais intensos estão entre os principais gatilhos. A conexão entre o intestino e o cérebro, muitas vezes chamada de eixo intestino-cérebro, é um campo importante de estudo, já que aspectos emocionais e psicológicos podem influenciar diretamente o funcionamento gastrointestinal.
A síndrome costuma ser classificada em três subtipos, conforme o sintoma predominante: constipação, diarreia ou forma mista. O desconforto intestinal tende a piorar com o consumo de certos alimentos, como cafeína, ultraprocessados e produtos ricos em gordura, além de situações de estresse emocional ou mudanças na rotina.
Segundo o gastroenterologista Dr. Eric Pereira, do Hospital e Clínica São Gonçalo, em entrevista ao portal Terra, os sintomas mais comuns incluem dor abdominal, alteração do hábito intestinal, distensão, excesso de gases e sensação de evacuação incompleta. Assim, buscar um especialista é fundamental, já que os sinais podem se confundir com outras doenças.
“Alguns sintomas da síndrome do intestino irritável se assemelham a outros problemas gastrointestinais, como câncer, intolerância alimentar, parasitas e outros, que precisam ser descartados o quanto antes, por isso, caso uma pessoa sofra com os sintomas, deve procurar um gastroenterologista para ter o diagnóstico preciso”, orienta o médico.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da SII é clínico, mas exames complementares ajudam a descartar outras condições. Um dos mais utilizados é a colonoscopia, que permite a visualização do intestino grosso, por meio de um colonoscópio, aparelho com microcâmera que capta imagens e possibilita a realização de biópsias. “Esse exame é indolor e essencial, pois pode identificar doenças como câncer de cólon, anemia, tuberculose intestinal, Doença de Crohn e diverticulose”, destaca o Dr. Eric.
O médico também complementa que o tratamento pode variar de acordo com o perfil de cada paciente, mas algumas mudanças no estilo de vida são amplamente recomendadas, como a adoção de uma alimentação equilibrada.
Recomenda-se uma dieta baixa em gorduras e com pouca ingestão de alimentos fermentáveis, e incentiva-se a ingestão de frutas variadas, como banana, pera e pêssego, vegetais, como acelga, cenoura, espinafre e abóbora, e proteínas, como frango, carne cozida, caldos e ovos.
Em relação a fibras, é recomendado o consumo moderado, já que o excesso pode causar gases e desencadear sintomas da síndrome. Uma das opções que ajudam a regular a saúde intestinal é a fibra solúvel psyllium, derivada da casca da semente da planta Plantago ovata.
O psyllium forma uma espécie de gel, que, quando em contato com a água, ajuda a aumentar o volume das fezes e facilita a evacuação. Ele pode ser adicionado em sucos, vitaminas, iogurtes ou em receitas como pães e bolos, desde que sejam respeitadas as quantidades recomendadas. Seu uso diário pode contribuir para um intestino menos propenso às crises da SII.
Estilo de vida e bem-estar
Além da alimentação, mudanças no estilo de vida também são importantes para o controle da síndrome. Práticas de exercícios físicos regulares, técnicas de relaxamentos e psicoterapia contribuem para a melhora da qualidade de vida de quem convive com a SII.
Com atenção aos sinais do corpo e disposição para realizar mudanças simples, é possível controlar a SII e viver com mais conforto e bem-estar.
Fonte: Da redação/Foto: Créditos: iStock
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