O Brasil à beira do colapso econômico

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O Brasil à beira do colapso econômico

O Brasil afunda entre fuga de capitais, tarifas, STF arbitrário e Congresso omisso. A crise política virou ameaça à democracia e à economia. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Porto Velho, RO - Até meados de julho, houve saída líquida de R$3,5 bilhões da bolsa brasileira. Na prática, significa que muitos investidores estrangeiros não apostam mais no Brasil. Há inúmeras razões para o pessimismo.

A primeira é o tarifaço dos EUA contra o Brasil, que poderá prejudicar fortemente nossa economia, por gerar perda de renda e emprego nos setores exportadores, além de inflação pela alta do dólar.

Se o Brasil retaliar com tarifas recíprocas, a situação poderá ficar ainda pior, ao encarecer as importações, prejudicando a atividade das indústrias brasileiras dependentes de insumos, máquinas e tecnologia dos EUA.

O encarecimento do processo produtivo poderá também gerar mais inflação ao consumidor, na medida em que a elevação do custo de importação de insumos será repassada nos preços finais das mercadorias.

Além do efeito tarifa, há toda uma insegurança jurídica em relação ao Brasil, enfatizada pelo próprio Donald Trump. Não é de hoje que o STF atropela o Congresso, como ficou evidente na decisão do IOF, e passa por cima de regras jurídicas, como ficou claro com as medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com todos os excessos do STF, qual é a garantia de que o investidor terá sobre o cumprimento da lei, e não aquilo que passa na cabeça de um ministro ao julgar uma ação? Quando as regras não são cumpridas, mesmo com leis claras, o risco jurídico se torna enorme.

Qualquer litígio tributário ou trabalhista se torna um tiro no escuro, em que a empresa precisa contar não com a letra seca da lei, mas com a boa vontade do juiz do dia. Infelizmente, esse é o retrato do Brasil atual. A situação se torna ainda pior, na medida em que o problema jurídico gerou uma crise política.

As arbitrariedades cometidas contra Bolsonaro levaram a oposição a se reunir durante a paralisação dos trabalhos no Congresso. O presidente da Câmara alegou que o Parlamento não poderia fazer isso, pois a Casa estava em “recesso”. Entretanto, não há recesso, enquanto não for aprovada a LDO.

A desculpa de Motta só serviu para escalar ainda mais as tensões entre os parlamentares, mostrando o lado de cada um neste labirinto jurídico e institucional que o Brasil se meteu


Se tudo isso ocorresse em tempos normais, já seria preocupante. Mas, não; é pior: toda essa bagunça ocorre com o país necessitando de reformas estruturais (previdência, administrativa e fiscal) para resolver seus problemas de contas públicas.

Além disso, a inflação está acima da meta, o crescimento desacelerou para 2%, o custo de vida está elevado, e a Selic está em 15% ao ano.

Mesmo com esse cenário, parte da direita optou por defender a tarifa do Trump como esperança de que gere um caos econômico no país, capaz de mobilizar as elites econômicas para que, de alguma forma, contenham os avanços do Poder Judiciário. Em outras palavras, torcem pela piora econômica como forma de trazer de volta à normalidade democrática.

Já outra parte da direita entende que as tarifas só trarão piora econômica, atingindo os mais pobres, sem ocasionar queda de ministro nem mudança de rumo do STF. De fato, ao olharmos para Venezuela, Cuba, Rússia e Irã, os embargos econômicos americanos foram pouco efetivos para queda do regime. Será que aqui seria diferente?

Independentemente dos efeitos do protecionismo, a torcida pelas tarifas, como forma de salvar a democracia brasileira, sinaliza que o Brasil tem um grave problema institucional a resolver. Estamos à beira do caos.

Fonte: Por Alan Ghani

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