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Expedição científica inédita chega ao Pacaás Novos (RO)


Parque Nacional de Pacaás Novos - Foto: Acervo

Porto  Velho, RO - Servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), pesquisadores, e membros de associações indígenas das etnias Jupaú, Amondawa, Oro Win e Cabixi, além de agentes especializados no turismo de observação de aves realizaram, entre 28 de maio e 04 de junho de 2025, uma expedição científica ao Pico do Tracoá, no Parque Nacional de Pacaás Novos (RO). Ao todo, 23 pessoas colaboraram na atividade que teve por objetivo avaliar o potencial atrativo para o turismo de observação de aves.

“Nós aplicamos três métodos complementares de levantamento de aves: observações diretas com registro fotográfico e sonoro, captura com redes de neblina e coleta seletiva de exemplares”, detalha Thiago Laranjeiras, Analista Ambiental do ICMBio. “Apesar das temperaturas incomuns para a região amazônica, inferiores a 15 °C, nós registramos quase 100 espécies de aves”, observa Glauko Corrêa, guia de observação de aves, baseado em Porto Velho. “Áreas em topos de montanha na Amazônia não são esperadas para ter uma riqueza muito grande de aves, como nas florestas de terras baixas”, complementa Arthur Gomes, também guia de observação de aves. Entre os ambientes investigados estavam campinas rupestres arbóreo-arbustivas, florestas de igarapés com alta presença de epífitas e áreas afetadas por queimadas de incêndios passados. Com os novos registros, a expedição acrescenta 25 espécies à lista do parque, que agora soma cerca de 390 espécies de aves registradas (quando inclui florestas e outros ambientes no pé da chapada).

A lista de espécies registradas incluiu tanto aves típicas da Amazônia quanto espécies migratórias provenientes do sul do Brasil e da região andina. Entre as espécies registradas, destaca-se o pintassilgo (Spinus magellanicus). “Coletamos dados valiosos da população isolada dessa espécie na expedição”, comenta Vítor Piacentini, ornitólogo responsável pela curadoria dos exemplares coletados. O pintassilgo é típico de áreas abertas no Centro-Sul do Brasil ou dos Andes, bem distantes da chapada de Pacaás, onde se mostrou localmente comum. Diversos indivíduos da espécie foram fotografados, gravados e dois foram coletados, e análises futuras deverão investigar a origem e o status da população de Rondônia.

Em comparação com áreas intactas, foi constatada pela equipe uma menor diversidade e abundância de aves nas áreas atingidas pelo fogo em 2022. “A vegetação queimada ainda apresenta sinais claros de degradação, e é provável que sua recuperação seja lenta, especialmente quando comparada ao Cerrado, onde as espécies possuem maior resiliência ao fogo”, explica Damião de Oliveira, analista ambiental do ICMBio e coordenador-geral da expedição.

Turismo de Base Comunitária

Além dos resultados científicos, a expedição teve importância estratégica para o monitoramento do território indígena. “A expedição foi a primeira atividade integrada, com a participação de representantes de quatro etnias indígenas que habitam a Terra Indígena Uru Eu Wau Wau”, ressalta Guilherme Martins, servidor da Funai, responsável pela frente de proteção territorial. “Nós entendemos que foi uma excelente oportunidade de fortalecer os laços entre os parentes e de marcar presença no nosso território ancestral”, comenta Yampá, representante da etnia Oro Win. “Queremos que ações assim tenham continuidade”, complementa Avajupá, representante da etnia Amondawa. As associações indígenas manifestaram interesse em estruturar um turismo de base comunitária, incluindo atividades de observação de aves, com produção de materiais informativos e capacitações.

Uma segunda expedição foi proposta para novembro, além da implementação do protocolo avançado de monitoramento de avifauna do Programa Monitora nas estações amostrais já instaladas no Parque Nacional de Pacaás Novos.

A coordenação da expedição ficou a cargo do ICMBio, enquanto a Funai atuou como articuladora junto às associações indígenas, garantindo sua participação e promovendo o monitoramento do território.


Foto: Acervo

Fonte: Assessoria/ICMBio

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