Editors Choice

3/recent/post-list

Geral

3/GERAL/post-list

Mundo

3/Mundo/post-list
NASA RO

“Justiça para Sergei” detalha como Rússia torturou até matar o íntegro Magnitsky

Cartaz do documentário lançado em 2010 por dois cineastas holandeses (Foto: Divulgação ICU Documentaries)

Porto Velho, RO - Lançado em 2010, Justiça para Sergei é o caminho mais rápido para entender quem foi e o quanto sofreu o advogado tributarista que batiza a lei usada contra Alexandre de Moraes. O documentário dos holandeses Hans Hermans e Martin Maat tem formato convencional e dura menos de uma hora. Mas, por jogar luz numa história tão chocante, de total falta de respeito com os direitos humanos e os ritos legais, chegou a ser premiado em alguns festivais e está disponível para aluguel e compra no YouTube.

O filme abre com a mãe de Sergei Magnitsky indo levar flores ao túmulo do filho, morto numa prisão russa aos 37 anos de idade. Seus depoimentos são os mais impressionantes do documentário, pois ela se expressa como se estivesse anestesiada, ainda sem acreditar que perdeu Sergei. Textos escritos pelo advogado num diário que ele mantinha na prisão, relatando torturas e falta de atendimento médico, também são difíceis de digerir, mas contribuem para o entendimento de sua jornada.

Com o complemento de falas de amigos e de pessoas que trabalhavam com Magnitsky, o espectador vai compreendendo o que levou à sua prisão arbitrária e subsequente morte quase um ano depois. O russo defendia os interesses do maior fundo de investimento estrangeiro operando em seu país, o Hermitage Capital Management. Em julho de 2007, o escritório da firma foi invadido por autoridades locais, que confiscaram o equivalente a duas vans repletas de documentos.

Esse foi o momento em que a vida do pacato Magnitsky mudou. Ou melhor, acabou. O Hermitage acionou o advogado para entender o que havia acontecido. Muito dedicado em suas investigações, ele descobriu que a empresa havia sofrido um golpe envolvendo vários entes federais. A quadrilha havia até mesmo assumido o controle de três subsidiárias do Hermitage, algo que se não tivesse ocorrido na Rússia ninguém acreditaria.
Pesadelo atrás de pesadelo

Justiça para Sergei relata que o advogado se incomodava com arbitrariedades desde a infância. O ávido leitor de clássicos não conseguia ver um coleguinha isolado que ia atrás do mesmo para fazer amizade. Munido de provas e com a certeza de estar com a razão, Magnitsky denunciou o esquema e todos os funcionários do estado envolvidos na fraude. Levou uma invertida do judiciário e foi em cana, sem direito a ter contato com a família, incluindo seu filho pequeno.

A partir daí, como diz o CEO do Heritage, o americano Bill Browder, foi pesadelo atrás de pesadelo. A pressão psicológica para o honesto Magnitsky mudar seu depoimento e desistir da denúncia não surtiu efeito e ele foi definhando atrás das grades sem o devido processo legal. Pior: depois de morto, ainda foi considerado culpado de crimes que sequer passou perto de cometer, ao passo que todas as pessoas denunciadas por ele receberam promoções dentro do estamento russo.
Túmulo de Sergei Magnitsky, que é visitado pela mãe do advogado no início do filme (Foto: Divulgação ICU Documentaries)

O documentário, assim como o empenho de Bill Browder, ajudou a dar publicidade à injustiça com Magnitsky. Durante a presidência de Barack Obama, seu nome passou a batizar a Lei de Responsabilidade pelo Estado de Direito, sancionando com congelamento de bens e impossibilidade de entrar nos Estados Unidos quem agisse como os algozes do advogado.

Justiça para Sergei
2010
52 minutos
Indicado para maiores de 14 anos
Disponível para locação e compra no YouTube

Fonte: Por José Flávio Júnior

Postar um comentário

0 Comentários