
Porto Velho, RO – “Tem gente que é corajosa no discurso… A minha coragem é pra enfrentar problema de verdade.” Com essa declaração enfática, a deputada federal Sílvia Cristina (PP-RO), já na condição de pré-candidata ao Senado, apresentou oficialmente o empresário Marcelo Lucas da Silva como seu primeiro.
O anúncio foi feito durante entrevista exclusva ao Rondônia Dinâmica, marcando a transição da parlamentar para uma postura mais incisiva no cenário político e reforçou o tom de enfrentamento adotado nos últimos meses. “É pra encarar a dor do povo, a fila, o abandono. Essa sim é a briga que vale a pena. Essa é a melhor guerra. E essa… eu aprendi inclusive passando na pele”, afirmou.
Atualmente no segundo mandato como deputada federal, Sílvia destacou uma atuação centrada na saúde pública e assistência social, com números robustos. “São mais de 100 entidades contempladas com recursos ao longo do mandato, somando mais de 50 milhões de reais”, declarou.
Apenas em 2025, segundo ela, R$ 7,4 milhões foram destinados ao setor de assistência, com destaque para as 37 APAEs existentes no estado, além de casas terapêuticas, lares de idosos e iniciativas voltadas ao autismo, karatê, jiu-jitsu e judô.
Entre os projetos de maior visibilidade está o programa Olhar de Amor, voltado ao combate à cegueira por catarata. A iniciativa, segundo a parlamentar, contabiliza 3.500 consultas e triagens, mais de 2 mil cirurgias realizadas e entrega gratuita de óculos e colírios.
“Hoje, antes só o rico passava por um exame de tomógrafo ocular. Nós temos esse equipamento no nosso projeto. E fazemos o pós-operatório completo. Esse é o tipo de batalha e de guerra que pode me chamar… porque eu tô sempre pronta”, completou.
A deputada também ressaltou sua contribuição à agricultura familiar, sobretudo com o projeto Cidadania Plena, realizado em parceria com o IFRO. A ação combina capacitação técnica e entrega de equipamentos agrícolas como tratores, após treinamento da comunidade. “Eu não entrego só o trator. Ensino a manusear, coloco os implementos, e só depois entrego. É formação e dignidade.”
Saída do PL e embate com Ivo Cassol
Durante a entrevista, Sílvia explicou os motivos que a levaram a deixar o PL. A principal razão, segundo ela, foi a negativa do partido em abrir espaço para sua candidatura ao Senado. “O senador Marcos Rogério dizia que o PL só teria uma vaga. E se ele fosse disputar, não haveria espaço para mim. Pedi que me ajudasse a sair e ele ajudou.”
Após a saída, Sílvia assumiu a presidência estadual do Progressistas em Rondônia, o que gerou atrito com o ex-governador Ivo Cassol. “Ele não gostou que Ciro Nogueira me deu o partido. Disseram que eu roubei o partido. Não foi isso. Eu fui convocada pelo Ciro e aceitei. Quem tem mandato tem essa responsabilidade.” Ela afirmou que o conflito já está superado, embora a federação com o União Brasil, outro assunto, ainda gere incertezas. “Estou atenta. Eu não gosto de ser surpreendida.”
Reação ao tarifaço e à polarização
Questionada sobre a ameaça de sobretaxa às exportações brasileiras anunciada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a deputada se posicionou contra a politização dos debates e criticou os efeitos da medida na ponta do consumo. “Só de falar, o preço do mel caiu de 18 para 15 reais o quilo. Isso já está no bolso do produtor”, disse. “A polarização não entende a fila, a dor de quem sofre. É discurso vazio.”
Ela afirmou que o Congresso deve agir de forma coordenada. “Uma andorinha só não faz verão. Estamos articulando para terça-feira uma reunião para enfrentar o impacto dessa crise no setor produtivo.”
Legado e planos até 2026
Com um ano e meio restante de mandato, Sílvia anunciou ainda novos projetos. Um deles é o viveiro de mudas clonais de café e cacau para agricultores familiares, em parceria com o IFRO. Outro é a ampliação de serviços de diagnóstico precoce de câncer, com foco em câncer de pulmão e de boca. A parlamentar também revelou a aquisição de uma van adaptada como unidade móvel, a ser usada em regiões de difícil acesso. “A gente tem que chegar na última rua. A população mais vulnerável precisa desse cuidado.”

Marcelo Lucas da Silva: o reforço da agroindústria num eventual futuro mandato no Senado / Foto: Rondônia Dinâmica
Marcelo Lucas da Silva: agro, indústria e parceria estratégica
No terço final da conversa, a deputada apresentou formalmente o suplente: “Marcelo é o nosso anjo da guarda. Conhece o agro e traz o que falta: técnica, economia, indústria.” Natural de Vilhena, Marcelo é produtor rural, pecuarista e empresário.
Atualmente, lidera um consórcio que está implantando a primeira usina de etanol de milho de Rondônia, em Cerejeiras. “É um dos maiores empreendimentos do estado, só perde para Santo Antônio e Jirau em vulto de investimento”, detalhou.
Segundo ele, a escolha o surpreendeu. “Não sou do meio político. Fiquei honrado. A Sílvia sempre nos apoiou em pautas técnicas, inclusive na securitização das dívidas agrícolas que votamos em Brasília.” Marcelo destacou que a industrialização do campo é o caminho para a economia do estado. “A exportação do milho não agrega valor ao estado. Com a indústria, geramos emprego, renda e combustível mais barato.”
Ao comentar a necessidade de romper com o discurso vazio, concluiu: “A gente precisa parar com a politicagem e fazer política pública de verdade. Chega de conversa fiada, de fala que não muda nada. Quem é daqui, que quer ficar aqui, tem que melhorar o nosso próprio quintal.”
Com a aliança, a campanha de Sílvia Cristina ao Senado se desenha com uma combinação de capital político consolidado no campo social e da saúde, e o reforço técnico-econômico de um nome oriundo do setor agroindustrial. “Essa é uma batalha diária. E eu sou uma inconformada com o sofrimento da nossa gente. Esse é o tipo de guerra que pode me chamar… porque eu tô sempre pronta.”
Fonte: Rondônia Dinâmica
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