
Juscelino Filho, ministro das Comunicações, teria indicado sócio da irmã para cargo em comissão no Senado, mas alguns servidores dizem não conhecê-lo.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Porto Velho, RO - O ministro das Comunicações Juscelino Filho, que vem sendo alvo de denúncias por supostamente ter utilizado voos da Força Aérea Brasileira (FAB) para compromissos pessoais em meio a agendas oficiais, teria conseguido cargos em comissão no Senado para o sócio da irmã em um haras no Maranhão. A informação foi publicada nesta segunda (6) no jornal O Estado de São Paulo, e os dados confirmados pela Gazeta do Povo.
Gustavo Marques Gaspar é sócio de Luanna Rezende (DEM) no Haras e Parque Luanna, na cidade de Vitorino Freire (MA), segundo plataformas agregadoras de dados de CNPJ (veja aqui e aqui), mas também ocupa o cargo de Assistente Parlamentar Sênior na segunda secretaria do Senado, com um salário-base de R$ 18,2 mil (veja aqui).
Além de proprietária do Haras, Luanna é prefeita de Vitorino Freire, cidade onde Juscelino teria encaminhado R$ 5 milhões em verbas das emendas de relator, em 2020, para pavimentar uma estrada de 19 quilômetros de extensão que passa por propriedades suas e de familiares.
O Estadão apurou, no entanto, que Gaspar não é conhecido de servidores da segunda secretaria. Duas pessoas que trabalham na entrada disseram não conhecê-lo, e um terceiro afirmou que o empresário está lotado ali, mas sem saber em quais dias e horários.
Este terceiro servidor, diz o jornal, seria ligado politicamente ao senador Weverton Rocha (PDT-MA), que comanda a secretaria. O parlamentar teria recebido Gaspar após o Estadão descobrir que ele ocupava um outro cargo no Senado sem dar expediente: o gabinete da liderança do PDT.
O registro do cargo no Portal da Transparência não está mais disponível para consulta, mas o Estadão reproduziu a antiga lotação de Gaspar (veja aqui). O empresário teria ocupado o cargo até a reportagem do jornal verificar pessoalmente, em contato com servidores, que ele não dava expediente no local – foi realocado para a segunda secretaria na última quinta (2).
Ainda segundo o Estadão, Weverton Rocha é compadre do ministro e teria sido um dos apoiadores de sua indicação ao ministério das Comunicações ao lado do colega Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mesmo partido de Juscelino.
Rocha disse que Gaspar “trabalha efetivamente comigo desde que fui líder do PDT no Senado. Assim como a maioria dos assessores, ele transita pelo Senado, não permanecendo necessariamente na sala”, disse. O parlamentar ainda minimizou o fato dos servidores da segunda secretaria não conhecerem o assessor, já que trabalhavam na quarta secretaria antes de serem realocados nesta.
A reportagem do Estadão entrou em contato com Gaspar, o Senado e Juscelino, mas não se manifestaram. Em uma postagem no Twitter no fim de semana, Juscelino disse que está “comprometido” em esclarecer as denúncias na reunião que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta segunda (6).
“Estou comprometido em esclarecer ao presidente Lula todas as denúncias infundadas feitas pela imprensa. Reitero que não houve irregularidades nas viagens citadas e que tudo está devidamente documentado. Também agradeço a oportunidade de ser ouvido com isenção e serenidade”, disse.
A reunião com Lula está marcada para às 16h.
Caso Juscelino respingou na relação de Lula com o União Brasil
As denúncias contra Juscelino Filho respingaram na relação do presidente com o União Brasil, que embarcou na governabilidade do novo governo. No entanto, o ministro entrou na mira de petistas após as denúncias – Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, disse ao Metrópoles que o ministro deveria "pedir um afastamento para se explicar", o que gerou uma crise com Lula.
Em uma nota enviada à Gazeta do Povo neste domingo (5), os líderes do União Brasil na Câmara dos Deputados,Elmar Nascimento, e no Senado, Efraim Filho, repudiaram a fala de Gleisi e disseram que a presidente nacional do partido utiliza "dois pesos e duas medidas".
“Quando atitudes dos seus aliados são contestadas – e não faltaram acusações a membros do PT na história recente do país – a parlamentar prega o direito de defesa. Quando a situação se inverte, prefere fazer pré-julgamentos. Será que a presidente Gleisi fará a mesma declaração caso um integrante do seu partido seja alvo de ataques", questionam.
Fonte: Por Guilherme Grandi
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