Rodrigo Lorenzoni
Quatro anos depois e ainda nos recuperando do abalo da pandemia, o Rio Grande do Sul passou por uma enchente sem precedentes.
Da enchente até hoje já são mais de 100 dias. Para o governo federal e muito provavelmente para aqueles que não vivem o dia a dia dos gaúchos, tudo já está de volta à normalidade, tudo resolvido, vida que segue!
Mas, para nós, que estamos aqui, tentando superar a devastação e reconstruir casas, empresas, cidades, NOSSAS VIDAS, sabemos que a realidade é outra. E que temos muito esforço, persistência e trabalho pela frente.
Ainda durante a enchente, com a população em sofrimento, começamos a acompanhar os anúncios do governo federal sobre a liberação de recursos para ajudar os gaúchos na reconstrução do RS. Números importantes, valores altos. Porém, logo ficou muito claro que a maior parte desses recursos se referia a antecipações de abono salarial, seguro-desemprego, Imposto de Renda, Bolsa Família e outros que, com ou sem enchente, viriam para o Estado.
Até a designação de um ministro para encaminhar e agilizar as demandas do RS não passou de um jogo de cena.
Pois bem, o que temos agora é bem pouco ou quase nada. Ainda essa semana a imprensa local noticiou que “nenhuma casa anunciada pelo poder público após a enchente foi entregue”. Famílias gaúchas estão há 100 dias sem suas casas! Lembrando que 580 mil pessoas ficaram desalojadas durante a calamidade.
Ainda temos hospitais que estão fechados ou parcialmente interditados. Nossos hospitais até agora, quase 100 dias depois da tragédia, receberam apenas 25% do anunciado. A situação das escolas gaúchas atingidas em maio é exatamente a mesma: só vieram 25% dos recursos prometidos para a recuperação. E para o setor produtivo do RS veio menos de 30% do crédito emergencial anunciado após a enchente.
Também temos ouvido lideranças do comércio, da indústria, do agronegócio, do cooperativismo e dos serviços afirmarem que não há apoio para a retomada das atividades.
A burocracia, a demora na aprovação de planos e projetos nesse momento, não tem justificativa. Nós sabemos que quando o Estado quer, corre. Como foi o caso da convocação extraordinária da Assembleia para votar um projeto com impacto de R$ 8 bilhões nas despesas do RS, para reestruturação de carreiras, contratações de funcionários e aumento de salários. O governador Eduardo Leite conseguiu aprovar tudo isso rapidamente – NÃO COM MEU VOTO – mas não consegue correr com a construção de uma casa sequer!
Então, a sociedade gaúcha ainda está pedindo socorro. E o que nós temos visto é que os governos federal e estadual estão de mãos dadas com o descaso aos gaúchos e ao Rio Grande do Sul.
Nós vamos continuar cobrando ações. Esse também é nosso dever: denunciar e cobrar. Nós temos governos de muita imagem, muito marketing, e pouca entrega.
Precisamos de governos que cuidem das pessoas e dos gaúchos.
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