
Área afetada pelo rompimento de barragem na zona rural de Mariana, em Minas - Foto: Antonio Cruz/ABr
Porto Velho, RO - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, decidiu nesta quinta (24) transferir para a cúpula do Judiciário do Brasil a responsabilidade pela busca de conciliação no processo de ressarcimento por danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), que matou 19 mortos e deixou um rastro de destruição com lama tóxica na bacia do Rio Doce, há quase nove anos.
A medida tomada a pedido dos envolvidos no embate judicial ocorre após a mineradora Vale propor acordo definitivo no valor de R$ 170 bilhões para as demandas relativas uma das maiores tragédias ambientais do Brasil.
Barroso acolheu o argumento de que o caso atrairia competência de atuação do Supremo, pelo potencial conflito federativo, em decorrência da amplitude da tragédia, que afetou estados de Minas Gerais e Espírito Santo, seus municípios, além do Rio Doce, bem de titularidade da União. O caso envolve a reparação de danos ambientais e sociais de larga escala, que impactam comunidades e pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica.

Presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso (Foto: Luiz Silveira/Agência CNJ)
Danos gravíssimos
O presidente do STF ainda defende que a homologação pelo STF será capaz de evitar a contínua judicialização de vários aspectos do conflito e o prolongamento de situação de insegurança jurídica, decorridos nove anos desde o desastre.
“O litígio envolve gravíssimos danos ambientais e impacto sobre os direitos de cidadãos brasileiros em território nacional, devendo, assim, ser resolvido pelo sistema judicial brasileiro. Esse aspecto reforça, portanto, a necessidade de uma solução definitiva do conflito, devidamente chancelada pelo Supremo Tribunal Federal”, justificou Barroso.
A decisão foi uma resposta à Petição (PET) 13157, apresentada pela União, pelos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelos Ministérios Públicos dos dois estados, pela Defensoria Pública da União e pelas Defensorias estaduais, pela Samarco Mineração S/A e pelas duas empresas que a controlam (Vale e BHP Billiton).
A petição argumentou que, embora já se tenha avançado em direção a uma solução consensual, ainda há divergências capazes de gerar conflitos e novas demandas judiciais, em um caso de grande singularidade, relevância e abrangência, o que justificaria a atuação do Supremo.
O STF conduzirá o procedimento de solução consensual, com apoio do Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol), bem como homologar eventual acordo.
Proposta da Vale
Em comunicado publicado na semana passada, a Vale propõe o ressarcimento de R$ 170 bilhões , com R$ 38 bilhões em valores já investidos em medidas de remediação e compensação.
Mais R$ 100 bilhões são propostos para financiar programas e ações compensatórias vinculadas a políticas públicas, parcelados ao longo de 20 anos ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios.
E outros R$ 32 bilhões em obrigações de execução da Samarco, incluindo iniciativas de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental.
Fonte: Por Davi Soares
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