Editorial - Agora Galípolo estará sozinho

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Editorial - Agora Galípolo estará sozinho

Copom fez nova previsão de alta de juros em maio, embora inferior a 1 ponto porcentual. (Foto: André Borges/EFE)

Porto Velho, RO - A decisão do Copom na sua reunião mais recente, elevando a Selic em mais um ponto porcentual, já era esperada, pois tinha sido antecipada ainda no fim do ano passado, quando o Banco Central, ainda sob a presidência de Roberto Campos Neto, prometeu (de forma unânime) duas altas de um ponto nas reuniões do início deste ano de 2025. Com isso, o presidente de saída assumiu o ônus de continuar sendo o para-raios dos ataques petistas mesmo depois de ter deixado o BC, poupando seu substituto, Gabriel Galípolo, de um início turbulento à frente da autoridade monetária. Mas o escolhido de Lula deve ter uma vida bem mais difícil no início de maio, quando comandará a primeira reunião do Copom sem um “forward guidance” adotado na gestão anterior. Isso porque o comunicado emitido na última quarta-feira já garantiu que os juros continuarão subindo.

A nova taxa Selic, de 14,25% ao ano, já igualou Lula 3 ao pior momento de Dilma 2 em relação a este indicador. Naquela época, os juros ficaram neste patamar entre julho de 2015 e outubro de 2016 – já no governo Michel Temer –, quando começaram a cair. Regredindo mais ainda no tempo, a última vez que a Selic superou os 14,25% foi em 2006, ainda no primeiro mandato de Lula. A comparação histórica não surge aqui a título de mera coincidência: a verdade é que Lula 3 está, mesmo, muito parecido com Dilma 2 em termos de política fiscal.

A nova taxa Selic, de 14,25% ao ano, já igualou Lula 3 ao pior momento de Dilma 2 em relação a este indicador


O “gasto é vida” dilmista foi devidamente ressuscitado neste terceiro mandato de Lula, com o crescimento do PIB sendo puxado basicamente pelo consumo, irresponsavelmente estimulado pelo governo, o maior gastador do país. Na época de Dilma, os resultados de curto prazo vieram: a economia teve anos de bom crescimento, como os 3,9% de 2011 e os 3% de 2023, e o mercado de trabalho mostrava vitalidade, com o desemprego chegando a uma mínima de 6,3% no fim de 2013. Tudo muito parecido ao que o governo Lula vem colhendo com a repetição das políticas dilmistas – inclusive nos indicadores negativos, porque a inflação em 2012 e 2013 já rondava os 6%. Bastaram dois anos, no entanto, para que tudo desmoronasse, com inflação ainda mais alta, e agora acompanhada de recessão e desemprego.

Lula repete a dose, alimentando o consumo em uma economia já superaquecida – e o Copom voltou a falar, em seu comunicado de quarta-feira, em “hiato do produto mais positivo”, o termo técnico para descrever um país cujo motor está trabalhando acima da rotação máxima. O petista, cuja impopularidade não para de crescer, concluiu que a única forma de reverter esse processo é jogar dinheiro na mão da população indiscriminadamente, alimentando a demanda sem um corresponde aumento na produtividade. O resultado previsível é uma nova escalada dos preços, exatamente aquilo que está corroendo o apoio popular ao presidente. Sem a colaboração do governo no campo fiscal, sobra apenas a política monetária como ferramenta para segurar a inflação.

O Banco Central continua sozinho, e agora Galípolo também está. Nas duas últimas elevações da Selic, os petistas se mantiveram em silêncio – isso quando não buscaram justificar a decisão, como fez Fernando Haddad ao dizer que Galípolo não podia “dar um cavalo de pau” depois que o Copom já havia prometido subir os juros. Mas as instruções herdadas da gestão Campos Neto expiraram agora, e não poderão mais servir como desculpa. Quando a Selic for novamente elevada, o “menino de ouro” de Lula será abandonado pelo petismo e acusado de “crime contra o país”? Ou continuará a ser poupado, revelando toda a hipocrisia dos governistas quando atacavam Campos Neto?

Fonte: Por Gazeta do Povo

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