Editorial O bumerangue da inflação

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Editorial O bumerangue da inflação

Com o fim do "bônus de Itaipu", preço da energia elétrica voltou ao patamar normal e jogou o IPCA de fevereiro para cima. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Porto Velho, RO - Os petistas que comemoraram a inflação de janeiro, a mais baixa para o mês desde a implantação do Plano Real, o fizeram ou por ignorância pura (na melhor das hipóteses) ou por completa má-fé na tentativa de iludir os brasileiros insatisfeitos com os preços em alta. Afinal de contas, até o IBGE de Márcio Pochmann deixou claro que o IPCA havia sido influenciado por uma circunstância extraordinária: o “bônus de Itaipu”, que baixou as contas de energia elétrica. Qualquer um que estivesse ciente disso sabia que a ressaca viria em fevereiro, e foi justamente o que ocorreu.

O IPCA do mês passado, divulgado na quarta-feira pelo IBGE, registrou alta de 1,31%. Foi a maior inflação para fevereiro em 22 anos, e a maior alta no índice desde o 1,62% de março de 2022. O acumulado dos últimos 12 meses subiu meio ponto porcentual, para 5,06%, contra uma meta de inflação de 3% com 1,5 ponto de tolerância para cima ou para baixo. Como era previsto, a energia elétrica residencial saltou 16,8% em fevereiro – na verdade, uma normalização dos preços após a queda de janeiro –, com um impacto de 0,56 ponto porcentual no IPCA do mês. Outros itens do grupo Habitação (ao qual pertence o custo da energia) também subiram, como água e esgoto.

O repique do IPCA em fevereiro é um ponto fora da curva, mas a pressão inflacionária que o Brasil vive é real e constante

Mas o retorno da conta de energia aos patamares normais não explica nem metade da inflação de fevereiro. Outra parte do IPCA, correspondente a 0,28 ponto porcentual, veio do grupo Educação, especialmente devido aos reajustes nas mensalidades escolares. E 0,15 ponto porcentual cai na conta do grupo Alimentação e Bebidas, que teve alta de 0,70% em fevereiro. Apesar da desaceleração na comparação com janeiro, quando esse mesmo grupo teve alta de 0,96%, alguns itens importantes na mesa do brasileiro continuaram em forte ritmo de alta no mês passado, como o café moído (10,77%) e o ovo de galinha (15,39%).

Conter a escalada dos preços e uma inflação que tem tudo para estourar facilmente a meta deste ano exige um ajuste fiscal que precisará ser cada vez mais drástico à medida que o tempo for passando sem a necessária correção de rumos – como bem sabem os argentinos. No entanto, o presidente Lula, em seu terraplanismo econômico voluntarista, despreza o remédio, preferindo a ameaça de “medidas mais drásticas” para baixar na marra o preço dos alimentos, e incentivando ainda mais o crédito e a demanda em uma economia que já está superaquecida.

O repique da inflação em fevereiro é um ponto fora da curva, tanto quanto o fora o IPCA de janeiro – sem o “bônus de Itaipu”, os índices de ambos os meses teriam sido mais “normais”. A pressão inflacionária que o Brasil vive, no entanto, é real e constante. Na próxima semana, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central se reúne para, ao que tudo indica, subir a Selic em mais um ponto porcentual, como antecipado após a reunião de janeiro, a primeira com Gabriel Galípolo na presidência da autoridade monetária. Lula e o PT pouparam seu “menino de ouro” uma vez, mas sabe-se lá até quando continuarão a fazê-lo se o Copom continuar tendo de subir os juros para compensar a loucura fiscal do governo.

Fonte: Por Gazeta do Povo

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