
Porto Velho, RO - O jornal americano The Wall Street Journal (WSJ) apontou o Brasil como símbolo dos efeitos prejudiciais do protecionismo econômico, comparando a experiência brasileira com as políticas comerciais defendidas e adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Desde a década de 1930, e especialmente após a Segunda Guerra Mundial, o Brasil implementou altas tarifas alfandegárias, controles cambiais e barreiras burocráticas para incentivar sua indústria doméstica e reduzir a dependência das importações. O modelo, originalmente pensado para impulsionar a produção industrial e enriquecer o país, apresentou poucos resultados positivos.
Segundo economistas, as políticas protecionistas brasileiras contribuíram para reduzir a produtividade, encarecer produtos e criar espaço para escândalos e práticas anticoncorrenciais. Dados do Instituto para o Estudo do Desenvolvimento Industrial (Iedi) indicam que a participação da PIB caiu de 36% em 1985 para cerca de 14% atualmente, fenômeno classificado de "desindustrialização precoce".
A abordagem também prejudicou diretamente os consumidores brasileiros, que passaram a pagar preços significativamente mais altos por produtos importados. Um exemplo citado pelo WSJ é o iPhone produzido no Brasil, cujo preço pode alcançar quase o dobro do mesmo produto vendido nos Estados Unidos. Devido a isso brasileiros com maior poder aquisitivo costumam fazer compras no exterior.
A ausência de competição com outros países também afetou negativamente a inovação e a eficiência da indústria local, limitando seu desenvolvimento.
Protecionismo no Brasil, adotado após 2ª Guerra, é similar a estratégias de Trump
O WSJ traça um paralelo entre as estratégias brasileiras e as políticas defendidas por Donald Trump, que impôs altas tarifas contra diversos parceiros comerciais. Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, argumenta que as ideias de Trump sobre o protecionismo são semelhantes às adotadas pela América Latina após a Segunda Guerra, que se provaram fracassadas.
Especialistas também alertam que os Estados Unidos, ao adotarem práticas protecionistas semelhantes às brasileiras, correm o risco de reduzir a eficiência econômica, prejudicar a produtividade e tornar produtos mais caros para os consumidores.
Ao contrário de economias altamente integradas globalmente, como Singapura ou Emirados Árabes Unidos, o Brasil é uma economia relativamente fechada. O comércio exterior equivale a apenas 18% do PIB brasileiro; muito abaixo dos 35% do México, outro grande país latino-americano.
A situação é agravada por barreiras tarifárias médias de 11,2%, além da imposição de cotas, requisitos burocráticos de licenças e procedimentos alfandegários excessivamente complexos.
Além de elevar os preços internos, o protecionismo contribui com distorções estruturais e amplia o chamado "Custo Brasil": dificuldades que aumentam os custos operacionais e burocráticos das empresas. A produtividade do trabalho no país é apenas cerca de 25% da dos EUA. Além disso, disputas tributárias prolongadas prejudicam o desempenho das empresas locais e estrangeiras instaladas.
Apesar dos efeitos negativos gerais, o protecionismo beneficiou pontualmente algumas empresas brasileiras, como a mineradora Vale e a fabricante de aeronaves Embraer. Ambas começaram como estatais protegidas pelo governo e tornaram-se competidores globais.
Mas, setores como a indústria automobilística e a construção naval receberam subsídios durante décadas sem exigências claras de competitividade global, prática que contrasta com estratégias adotadas por países asiáticos mais bem-sucedidos.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou publicamente as políticas comerciais de Trump, defendendo a postura de livre comércio. Contudo, o PT, historicamente alinhado ao protecionismo, reverteu avanços importantes de abertura econômica conquistados nos anos 1990.
Fonte: Por Vasndré Kramer
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