
Presidente Lula e Vladimir Putin durante encontro em Moscou, nesta quarta (7). (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
Porto Velho, RO - Foi com um caloroso abraço que o ditador Vladimir Putin recebeu o presidente Lula e sua comitiva no Kremlin, na Rússia. O mandatário brasileiro viajou ao país para participar do aniversário de 80 anos da vitória russa sobre a Alemanha nazista. Além dos cumprimentos e dos sorrisos, Putin também entregou um buque de flores para Janja, que saracoteava pelo país há alguns dias fazendo turismo diplomático. O líder russo aproveitou a data festiva para reunir parte de seus aliados. O que deveria ser uma celebração contra o nazismo se tornou apenas um convescote de ditadores. Pela média dos participantes, fosse vivo, até Hitler acabaria convidado.
Enquanto inimigos da democracia ocidental comiam acepipes em Moscou, a Igreja Católica, perseguida em boa parte dos países representados no encontro com Putin, escolhia seu novo papa. Nascido nos Estados Unidos, Robert Francis Prevost acabou sendo eleito pelo conclave e adotou o nome de Leão XIV. Foi imediatamente celebrado pelos povos de todo o mundo. Lula, que já estava na Rússia, comemorou desejando ao novo pontífice que “dê continuidade ao legado do papa Francisco”. Aproveitou também para declarar que “não precisamos de guerras, ódio e intolerância”, e sim de “solidariedade e humanismo”.
Não é possível pregar a paz abraçando um criminoso de guerra. Não é possível condenar a intolerância e o ódio se associando a quem persegue opositores
Qual é o valor de uma declaração dessas dada no exato momento em que seu autor confraterniza com um tirano e criminoso de guerra? Lula e o ditador russo se abraçam enquanto a Ucrânia é bombardeada para atender a sanha expansionista de Putin, que é responsável por lançar a Europa em seu maior conflito armado desde 1945. É um genocida que persegue opositores e que tem contra ele uma ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional.
Não é possível pregar a paz abraçando um criminoso de guerra. Não é possível condenar a intolerância e o ódio se associando a quem persegue opositores. Não é possível defender o multilateralismo se colocando ao lado de quem ameaça e ataca nações vizinhas.
Se tivesse ao menos senso de equilíbrio, Lula atenderia o convite ucraniano para visitar o país depois de sua saída da Rússia. Ele prefere, entretanto, encontrar apenas o agressor, esnobando o agredido. O alegado objetivo da viagem de Lula é ampliar negócios com a Rússia. Isso significa que, através de trocas comerciais, a diplomacia brasileira pretende subsidiar a máquina de guerra russa, cuja economia está toda voltada para o projeto de invasão da Ucrânia.
Na última semana, o IBGE, presidido por Marcio Pochmann, publicou um mapa-mundi com o Brasil no centro e o hemisfério sul no norte. De certa forma, a aberração geográfica parida com dinheiro público é simbólica de um mundo virado ao avesso em que o Brasil, deslocado ufanisticamente para cima, está, na verdade, é no fundo do poço geopolítico.
Fonte: Por Guilherme Macalossi
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