Lula e Haddad não aprendem nada com derrubada do IOF

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Lula e Haddad não aprendem nada com derrubada do IOF


Congresso impôs derrota histórica a Lula e derrubou aumento do IOF proposto pelo governo. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)


Porto Velho, RO
- O governo Lula foi atropelado pelo Congresso Nacional nesta quarta-feira: pela primeira vez desde 1992, no mandato de Fernando Collor, um decreto governamental foi derrubado pelo Legislativo. Na Câmara dos Deputados, Hugo Motta mudou de ideia e não quis mais dar nenhuma sobrevida para que Lula e Fernando Haddad mostrassem alguma alternativa ao desejado aumento do IOF, colocando o Projeto de Decreto Legislativo 314/25 em pauta, para surpresa até mesmo da oposição. Nem as festas juninas conseguiram esvaziar a sessão, com participação presencial e remota: o PDL passou com 383 votos favoráveis contra 98, placar ainda mais elástico que o da votação que aprovara o regime de urgência para o texto, na semana passada. Ato contínuo, foi a vez de Davi Alcolumbre levar o texto ao plenário do Senado, onde foi aprovado de forma simbólica, sem contagem de votos – apenas os senadores petistas e o pedetista Weverton, líder do seu partido, se opuseram.

Um resultado digno de comemoração, mas que não pode levar à ingenuidade de achar que os congressistas estão finalmente se rebelando contra a carga tributária escorchante que o brasileiro paga para receber em troca serviços que normalmente estão abaixo da média. Afinal, trata-se do mesmo Congresso que acaba de aprovar um aumento no número de deputados, para ficar em um exemplo recente. O resultado desta quarta-feira não pode ser lido fora do contexto maior de disputa entre Legislativo, Executivo e Judiciário em torno da liberação de emendas parlamentares, que muitos deputados e senadores gostariam de ver aumentar em valor e diminuir em transparência.

A solução petista para as contas públicas, gastando sem limites e arrancando tudo o que for possível do contribuinte brasileiro, está esgotada


Ainda assim, é evidente que o governo federal tem, sim, uma boa dose de responsabilidade ao ter criado uma situação que ele só sabe responder com mais aumento de impostos. A elevação do gasto público promovida por Lula é tão avassaladora que, mesmo batendo recordes sucessivos de arrecadação, o governo é incapaz de fechar as contas e cumprir as metas pífias de resultado primário que ele mesmo sugeriu – e que já foram relaxadas uma vez. A política fiscal irresponsável tem sido um dos principais fatores que mantêm a inflação acima dos limites máximos de tolerância da meta do Conselho Monetário Nacional, forçando o Banco Central a intensificar e prolongar o aperto monetário, com a Selic nos atuais 15%.

Mesmo ciente da repercussão negativa do aumento do IOF, o governo não procurou negociar: colocou a ministra Gleisi Hoffmann para ameaçar parlamentares com corte de emendas e propagar fake news na internet, associando o governo Bolsonaro à alíquota de 6,38% no IOF sobre uso de cartão de crédito no exterior e dizendo que a porcentagem começou a cair no governo Lula, quando na verdade a redução se devia a um decreto assinado por Bolsonaro em 2022, e a alíquota de 6,38% havia sido implantada no governo Dilma, em 2011 – um aumento de 4 pontos porcentuais em relação ao que vigorava até então. Se a falta de traquejo político de Gleisi já era notória, nem mesmo Fernando Haddad, visto como mais conciliador, resistiu à tentação: uma entrevista na qual ele defendeu o IOF maior e deixando subentendido que o Congresso defendia os interesses dos mais ricos, enquanto o governo Lula brigava pelos pobres, foi outro dos estopins que acabaram com a boa vontade de Hugo Motta.

O governo, como todo mau perdedor, pretende judicializar a questão e levá-la para o Supremo Tribunal Federal. É uma demonstração clara de que a principal lição que Lula e Haddad poderiam ter aprendido com este episódio está sendo ignorada: a de que a solução petista para as contas públicas, gastando sem limites e arrancando tudo o que for possível do contribuinte brasileiro, está esgotada. A âncora fiscal que garante o aumento real da despesa pública está se desfazendo, mas Haddad ainda tem a desfaçatez de dizer que, “se o jogo não estivesse favorável à área econômica, você ia ver onde estava esse dólar, o desemprego, a inflação. Você ia perder o controle da economia”, como se a economia do país estivesse caminhando de vento em popa, sem a inflação estourando a meta, os maiores juros em quase 20 anos e a dívida pública aumentando sem parar. Uma cegueira e uma teimosia que ainda trarão muitos problemas ao Brasil.

Fonte: Por Gazeta do Povo

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