Editorial - Lula e seu desprezo pela negociação sobre as tarifas de Trump

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Editorial - Lula e seu desprezo pela negociação sobre as tarifas de Trump

Lula aposta na provocação e se recusa a procurar Trump para discutir tarifas. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Porto Velho, RO - “Ele não quer conversar. Se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava”, afirmou o presidente Lula na quinta-feira, durante evento em Minas Gerais, em referência ao norte-americano Donald Trump, que anunciou, no último dia 9, a imposição de tarifas de 50% aos produtos brasileiros importados pelos EUA, e que devem entrar em vigor em 1.º de agosto. Uma declaração bastante típica da megalomania do petista: enquanto o mundo inteiro procura os Estados Unidos para negociar a redução das tarifas impostas a vários países, é Trump quem tem de telefonar para Lula, e não o contrário.

Enquanto o setor produtivo brasileiro se desespera com a possibilidade de enormes perdas devido ao tarifaço, levando parlamentares e governadores a tentarem abrir os próprios canais de negociação, outros países, fazendo aquilo que Lula se recusa a fazer, já colheram resultados. Vietnã, Indonésia, Japão e Filipinas estão entre os países que obtiveram reduções nas tarifas. O Reino Unido havia acertado um acordo quando do primeiro tarifaço, em abril. A Argentina já vinha negociando com os Estados Unidos desde antes da vitória eleitoral de Trump, em novembro do ano passado, e intensificou os esforços nos últimos meses. União Europeia e China continuam dialogando com os norte-americanos.

Alguns pontinhos nas pesquisas de popularidade valem muito mais para Lula que a saúde das empresas exportadoras brasileiras

Lula, no entanto, segue firme na retórica que reduz o mundo a um enorme boteco. Depois de sugerir que poderia resolver a guerra entre Rússia e Ucrânia em uma mesa de bar, usou o jogo de truco para provocar Donald Trump mais uma vez. “Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco, e se ele estiver trucando, ele vai tomar um seis”, prometeu o petista no mesmo evento, no Vale do Jequitinhonha. Mas Lula é o único a acreditar que tem cartas boas na mão – se é que realmente acredita nisso. O Brasil tem muito mais a perder que os Estados Unidos no caso de uma intensificação da guerra comercial, e é por isso que setores como o de mineração se opõem à aplicação de medidas de reciprocidade, prometida por Lula, afirmando que elas só trariam mais prejuízos.

Difícil imaginar que esses argumentos, por mais sensatos que sejam, sensibilizem o petista. Sua aversão ao setor produtivo como um todo é notória, especialmente quando as empresas insistem em buscar o que é melhor para elas e seus clientes, em vez de “estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro”, como disse Lula no começo de 2024. O tarifaço de Trump deu um palanque para Lula surfar na onda da “defesa da soberania nacional”, embora estejamos falando de um presidente que não se importa em tomar calotes de colegas ideológicos como Cuba e Venezuela, e que já entregou de mão beijada uma unidade da Petrobras na Bolívia, em 2006. Alguns pontinhos nas pesquisas de popularidade valem muito mais para Lula que a saúde das empresas exportadoras brasileiras.

Trump não irá atrás de Lula porque não é o norte-americano quem está na posição mais frágil. E Lula não quer ir atrás de Trump porque as bravatas e as provocações lhe rendem dividendos em termos de popularidade, e porque ele pode usar o tarifaço como justificativa para jogar de vez o Brasil no colo de russos e chineses. Já o interesse nacional, que exige esforços para abrir o máximo possível de mercados aos produtos brasileiros, fica em último plano, para a agonia de todos – especialmente empresários e trabalhadores – que dependem de uma inserção internacional forte do Brasil.

Fonte: Por Gazerta do Povo

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