
Brachiaria, um tipo de capim muito usado na pecuária brasileira. (Foto: Hector Antonio Perez /Wikimedia Commo
Porto Velho, RO - A proposta de reclassificação de espécies exóticas e invasoras apresentada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) vai muito além da tilápia. Ela atinge mais de duzentos produtos cultivados no Brasil, tanto da fauna quanto da flora, amplamente produzidos em território nacional.
O processo é conduzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Secretaria Nacional da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente. O que mais preocupa é a total falta de percepção dos autores dessa lista sobre o impacto que ela pode gerar na conformação da agropecuária brasileira. Falta visão técnica, embasamento científico e, sobretudo, compreensão da relevância econômica gigantesca que esses produtos têm para o país.
Como paranaense, não posso deixar de destacar a preocupação com a tilápia: nosso estado é responsável por 70% da produção nacional, com forte impacto nas exportações e na geração de empregos.
Para quem acredita que a inclusão de espécies nessa lista não traz consequências imediatas, basta lembrar o que diz a Portaria nº 145-N/1998 do Ibama, que trata da introdução, reintrodução e transferência de peixes, crustáceos, moluscos e macrófitas aquáticas para fins de aquicultura. O artigo 7º é claro:
“Fica proibida a reintrodução de formas jovens de espécies animais destinadas à engorda e posterior abate, bem como de macrófitas aquáticas de água doce em qualquer estágio de desenvolvimento.”
Nosso estado é responsável por 70% da produção nacional, com forte impacto nas exportações e na geração de empregos
Esse é o objetivo final! Ao classificar a tilápia como espécie invasora, abre-se espaço para a aplicação dessa portaria, o que pode levar, na prática, à proibição da produção no país — uma manobra inaceitável que ameaça um dos setores mais dinâmicos e estratégicos da economia nacional.
E não para por aí. A proposta também atinge o camarão vannamei, produzido em larga escala em estados como Ceará e Rio Grande do Norte, em áreas com lâmina d’água que somam mais de mil alqueires.
O mesmo risco se estende à produção de frutas como manga, jaca e goiaba, todas citadas na lista. Só a produção de manga movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões em 2024, e o Brasil é hoje o terceiro maior exportador mundial da fruta.
Outros alvos da lista são o pinus e o eucalipto — base da cadeia de papel, celulose e da produção madeireira de reflorestamento. Essas duas espécies representam quase 90% da madeira processada no país e sustentam milhares de empregos formais e informais. Basta imaginar o impacto dessa classificação sobre os investimentos feitos por empresas como a Klabin, no Paraná, e a Suzano, no Mato Grosso do Sul. Uma paralisação na produção significaria prejuízo bilionário, queda de arrecadação e colapso em empregos e economias locais inteiras.
Nem a braquiária, planta forrageira que revolucionou a pecuária e fez do Brasil o maior exportador de carne do mundo, escapou dessa sanha ideológica travestida de proteção ambiental.
A ideologia da esquerda ultrapassa os limites do razoável e despreza completamente a realidade econômica do país. Para se ter ideia, os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Aquicultura e Pesca sequer foram consultados — uma afronta direta ao princípio da integração das políticas públicas, previsto na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981).
O próprio Mapa já questionou formalmente a ausência de rigor científico no processo e a falta de análise dos impactos socioeconômicos sobre as comunidades que vivem da criação dessas espécies e da produção de alimentos.
No dia 8 de dezembro, a Conabio deve deliberar sobre essa proposta. Esperamos que o bom senso prevaleça. A Frente Parlamentar da Agropecuária está mobilizada para impedir que mais essa tentativa de criminalizar a produção brasileira avance.
Defender o produtor é defender o Brasil — e essa é a nossa missão.
Porto Velho, RO - A proposta de reclassificação de espécies exóticas e invasoras apresentada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) vai muito além da tilápia. Ela atinge mais de duzentos produtos cultivados no Brasil, tanto da fauna quanto da flora, amplamente produzidos em território nacional.
O processo é conduzido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Secretaria Nacional da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente. O que mais preocupa é a total falta de percepção dos autores dessa lista sobre o impacto que ela pode gerar na conformação da agropecuária brasileira. Falta visão técnica, embasamento científico e, sobretudo, compreensão da relevância econômica gigantesca que esses produtos têm para o país.
Como paranaense, não posso deixar de destacar a preocupação com a tilápia: nosso estado é responsável por 70% da produção nacional, com forte impacto nas exportações e na geração de empregos.
Para quem acredita que a inclusão de espécies nessa lista não traz consequências imediatas, basta lembrar o que diz a Portaria nº 145-N/1998 do Ibama, que trata da introdução, reintrodução e transferência de peixes, crustáceos, moluscos e macrófitas aquáticas para fins de aquicultura. O artigo 7º é claro:
“Fica proibida a reintrodução de formas jovens de espécies animais destinadas à engorda e posterior abate, bem como de macrófitas aquáticas de água doce em qualquer estágio de desenvolvimento.”
Nosso estado é responsável por 70% da produção nacional, com forte impacto nas exportações e na geração de empregos
Esse é o objetivo final! Ao classificar a tilápia como espécie invasora, abre-se espaço para a aplicação dessa portaria, o que pode levar, na prática, à proibição da produção no país — uma manobra inaceitável que ameaça um dos setores mais dinâmicos e estratégicos da economia nacional.
E não para por aí. A proposta também atinge o camarão vannamei, produzido em larga escala em estados como Ceará e Rio Grande do Norte, em áreas com lâmina d’água que somam mais de mil alqueires.
O mesmo risco se estende à produção de frutas como manga, jaca e goiaba, todas citadas na lista. Só a produção de manga movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões em 2024, e o Brasil é hoje o terceiro maior exportador mundial da fruta.
Outros alvos da lista são o pinus e o eucalipto — base da cadeia de papel, celulose e da produção madeireira de reflorestamento. Essas duas espécies representam quase 90% da madeira processada no país e sustentam milhares de empregos formais e informais. Basta imaginar o impacto dessa classificação sobre os investimentos feitos por empresas como a Klabin, no Paraná, e a Suzano, no Mato Grosso do Sul. Uma paralisação na produção significaria prejuízo bilionário, queda de arrecadação e colapso em empregos e economias locais inteiras.
Nem a braquiária, planta forrageira que revolucionou a pecuária e fez do Brasil o maior exportador de carne do mundo, escapou dessa sanha ideológica travestida de proteção ambiental.
A ideologia da esquerda ultrapassa os limites do razoável e despreza completamente a realidade econômica do país. Para se ter ideia, os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Aquicultura e Pesca sequer foram consultados — uma afronta direta ao princípio da integração das políticas públicas, previsto na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981).
O próprio Mapa já questionou formalmente a ausência de rigor científico no processo e a falta de análise dos impactos socioeconômicos sobre as comunidades que vivem da criação dessas espécies e da produção de alimentos.
No dia 8 de dezembro, a Conabio deve deliberar sobre essa proposta. Esperamos que o bom senso prevaleça. A Frente Parlamentar da Agropecuária está mobilizada para impedir que mais essa tentativa de criminalizar a produção brasileira avance.
Defender o produtor é defender o Brasil — e essa é a nossa missão.
Fonte: Por PedroLupion


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