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O corpo do sargento Heber Carvalho da Fonseca, morto na operação contra o Comando Vermelho, é levado para o sepultamento no Rio: população aplaudiu cortejo fúnebre. (Foto: André Coelho/EFE)

Porto Velho, RO -Tem gente zombando dos brasileiros. A maior zombaria dos últimos dias é a justificativa presidencial de que os narcotraficantes são vítimas de seus fregueses. Coitados, eles se tornam bandidos pelo sacrifício de abastecer os viciados de drogas. Talvez por isso o presidente não tenha apresentado pêsames às famílias dos policiais mortos pelas “vítimas”. O vitimismo zomba das verdadeiras vítimas. A chamada sociedade – que é uma abstração, pois não tem nome – foi a culpada por pressionar os bandidos para se tornarem traficantes, assassinos, assaltantes, senhores feudais de territórios.

Aqueles que se julgam intelectuais, peritos em sociologia e segurança pública, garantem que atrás de um fuzil há um ser humano bondoso e justo. Garantiam. Até o dia em que dona Joelma, mãe de Artur, que havia sido preso na Operação Contenção, irrompeu pela delegacia onde o filho estava algemado e derrubou todas as teorias sociais sobre a bandidagem: “Você não é vítima da sociedade; você é vítima de suas próprias escolhas!”

Assim como Artur, dezenas de milhões de brasileiros são vítimas de suas próprias escolhas, principalmente na hora do voto. Outras dezenas de milhões de brasileiros são vítimas das escolhas de Artur, na vida e nas urnas. Escolhas erradas sempre geram más consequências para todos.

O Rio de Janeiro recebeu a visita de um ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que, sem ser instado pelo Ministério Público, tomou a iniciativa de ser fiscal da lei, como era quando promotor. Mesmo devendo fazer o papel de juiz, foi tomar satisfações do governador do estado federativo do Rio de Janeiro, que exerceu seu poder planejando uma operação que não teve danos colaterais, pois só atingiu homens armados, municiados, com fardas militares e colete blindado, para executar mandados judiciais de prisão e busca e apreensão. Quase uma centena de fuzis apreendidos – a maioria entrou pela fronteira, que é da responsabilidade de forças federais.

Por ironia, foi o Supremo que passou a impedir a entrada da polícia nos carros cariocas, que se tornaram santuários do crime, a ponto de se transformarem em abrigos seguros para bandidos de fora, que pagavam caro pela hospedagem. Metade dos mortos não era do Rio. E vai um ministro do Supremo tomar satisfações do governador. Ironia pura.

Blindados que haviam sido emprestados a outros governadores não foram cedidos agora. O presidente da República violou sua palavra de “não decretar Garantia da Lei e da Ordem enquanto for presidente” para garantir segurança na COP de Belém, na foz do Rio Amazonas. Ironia pura: na entrada do rio no Brasil, onde ainda se chama Solimões, quem domina a navegação é o mesmo CV que a polícia fluminense combateu semana passada. Bem simbólico: uma GLO para garantir segurança no despejo das águas contaminadas pelo CV na origem, em território brasileiro.

Em menos de um ano, haverá eleição. Para presidente, governador, deputados e, principalmente, dois terços do Senado – a casa que julga impeachments. Será o grande momento para evitar escolhas erradas; a grande oportunidade para corrigir inversões, como essa de torcer pelo bandido, contra a polícia da lei e da ordem.

Os que sempre quiseram inverter a ordem da ética estão descobrindo agora que não conseguiram seu objetivo, pelas reações aos acontecimentos do Rio. O povo, nas ruas por onde passou sem anúncio o cortejo fúnebre de um sargento do Bope morto, aplaudiu de modo espontâneo e unânime. Todas as pesquisas mostraram maioria de 60% a 70% apoiando a ação policial. Na favela o apoio foi maior: 87,6% segundo a AtlasIntel. O governo, com todas as manifestações simpáticas a bandidos e críticas à polícia, como só pensa em eleição, deve estar preocupado. Governantes e mídia governada talvez parem de zombar dos brasileiros.

Fonte: Por Alexandre Garcia

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