Nos dois anos de funcionamento, os indígenas já produziram 1,2 mil litros de polpa natural, sem conservantes químicos. A comercialização do produto, porém, é um dos principais gargalos da cooperativa.
Na última safra, a cooperativa vendeu as polpas diretamente aos consumidores, a partir da divulgação nas redes sociais. A entrega foi feita de porta em porta.

“Aqui na região são poucas as indústrias que compram a polpa e fazem o processamento. Temos a estrutura e pessoas que foram treinadas, porém, não temos máquinas e equipamentos necessários para fazer o processamento”, explica Hellyson Duarte Kanoé, presidente da Cooperativa dos Povos Indígenas do Rio Branco (COOPIRB).
A falta de infraestrutura para o beneficiamento reduz a competitividade do açaí produzido pela cooperativa. Isso porque, os estabelecimentos da região compram o fruto processado por indústrias de Porto Velho, capital de Rondônia, já transformado em creme.
O objetivo dos indígenas é investir em infraestrutura e maquinário para produzir – além da polpa, que é perecível – o açaí em pó. O processamento visa agregar valor ao produto final e aumentar a durabilidade do produto para a exportação.
Para além do interesse econômico, os indígenas têm a meta social de garantir emprego e renda para jovens e mulheres das etnias envolvidos no processo de produção.“O projeto leva em consideração também fortalecer esse público. Esse é um dos principais objetivos da agroindústria. Por isso, temos buscado parceiros para avançar com esse projeto”, explica o vereador Dalton Tupari (PTB).
Para a infraestrutura necessária, os indígenas estão buscando a legalização da agroindústria. O processo burocrático segue em fase final de regularização e registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“Para ajudar com essas questões de logísticas e infraestrutura, estamos acompanhando e orientando os índios durante esse processo burocrático. Um dos trabalhos é os auxiliar com demandas de documentação”, afirma a advogada Cássia Souza Lourenço, que assessora a cooperativa e esteve reunida com a superintendência do MAPA.
Tendência de crescimentoO açaí é o produto não madeireiro mais extraído na região amazônica. Ele tem relevante papel na geração de renda sustentável para famílias indígenas e de comunidades tradicionais que vivem na floresta. Fruto de uma palmeira, o açaí tem alta densidade calórica e é rico em vitaminas (A, E, D, K e B1 e B2), minerais (cálcio, magnésio e potássio, ferro), antioxidantes e óleos essenciais.
O Brasil é maior produtor mundial de açaí. Segundo a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, a produção nacional contabilizou quase 1,5 milhão de toneladas em 2020. Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão e Rondônia são os principais produtores nacionais.
As exportações do Pará, responsável por 94% do volume embarcado da fruta, teve crescimento de 15.000% nos últimos 10 anos,. A informação é da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). Os principais consumidores são Estados Unidos, Japão, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Porto Rico.
A perspectiva é que a TI Rio Branco siga a tendência de crescimento e ultrapasse os 2,5 mil litros de polpa produzidos, em breve. Parte do produto já tem destino certo e deve ser repassado ao Programa de Aquisição de Alimento (PAA). O programa do governo federal incentiva a agricultura familiar e encaminha os alimentos às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.
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