
Porto Velho, RO - A postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump ao país ensejou duas situações constrangedoras para os representantes do governo durante evento com as principais lideranças do mercado financeiro em São Paulo.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente do PT, Edinho Silva, foram alvos de manifestações durante plenária da XP Expert sobre o cenário eleitoral, que contou com a presença do presidente do União Brasil, Antônio de Rueda, além do prefeito de Recife, João Campos (PSB).
O episódio com Renan ocorreu quando o ministro respondia uma acusação de Rueda sobre o presidente ter “provocado” a reação de Trump, ao se colocar como aliado de países do Brics.
“Sim, o presidente Lula provocou e destituiu essa situação. Não tem como dizer que isso não aconteceu”, acusou Rueda. “Enquanto o mundo ocidental defendia a Ucrânia, o presidente [Lula] foi lá defender a Rússia, bater palma, posar para fotos com o Ramzan Kadyrov. Isso tem custo.”
Renan reforçou o esforço de Lula para promover a negociação colocando o vice-presidente, Geraldo Alckmin, como interlocutor. “Hoje mesmo o presidente, num ato em Osasco, disse que Alckmin está representando o Brasil na negociação, uma das pessoas mais qualificadas, quatro vezes governador de São Paulo, experiente, calmo e quer conversar com os Estados Unidos”, disse o ministro.
O mediador do painel, Rafael Furlanetti, diretor de Relações com Investidores da XP, interveio. “Mas ministro, o presidente não deveria estar nos Estados Unidos negociando, em vez de em Osasco?”, perguntou. Houve risos e aplausos da plateia, apesar do apelo do mediador.
Mercado financeiro questiona alternativa ao dólar
Em outro momento, Edinho Silva justificava os motivos comerciais que viabilizavam a negociação das tarifas, como um superávit de US$ 400 bilhões dos Estados Unidos em relação ao Brasil nos últimos anos.
“Se a questão for a balança comercial, o esforço do Brasil está sendo imenso. Nós oficializamos uma proposta de negociação em maio”, disse o presidente do PT. “Agora, se a questão for uma retaliação pelo fato de o Brasil participar de alianças, isso é outro debate. Qualquer país do mundo tem o direito ao multilateralismo. Tem o direito de negociar com outros países, de construir blocos comerciais e ideológicos.”
Furlanetti questionou: “Mas presidente, você concorda que toda vez que alguém ameaça a hegemonia da moeda americana na história do mundo, isso nunca deu certo?” Ele se referia ao fato de Lula ter questionado a hegemonia do dólar e trabalhar com a China para alterar o padrão monetário. Houve novos aplausos e risadas na plateia.
Silva justificou que os Estados Unidos priorizaram a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), depois a Comunidade Europeia, e o mundo não reagiu. “Mas quando o Brasil começou, ainda no início do século 21, a dialogar com países como China, Índia e a África do Sul, aí virou problema? O mundo democrático não pode reagir com autoritarismo quando um país busca relações fora da lógica hegemônica.”
O ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente do PT, Edinho Silva, foram alvos de manifestações durante plenária da XP Expert sobre o cenário eleitoral, que contou com a presença do presidente do União Brasil, Antônio de Rueda, além do prefeito de Recife, João Campos (PSB).
O episódio com Renan ocorreu quando o ministro respondia uma acusação de Rueda sobre o presidente ter “provocado” a reação de Trump, ao se colocar como aliado de países do Brics.
“Sim, o presidente Lula provocou e destituiu essa situação. Não tem como dizer que isso não aconteceu”, acusou Rueda. “Enquanto o mundo ocidental defendia a Ucrânia, o presidente [Lula] foi lá defender a Rússia, bater palma, posar para fotos com o Ramzan Kadyrov. Isso tem custo.”
Renan reforçou o esforço de Lula para promover a negociação colocando o vice-presidente, Geraldo Alckmin, como interlocutor. “Hoje mesmo o presidente, num ato em Osasco, disse que Alckmin está representando o Brasil na negociação, uma das pessoas mais qualificadas, quatro vezes governador de São Paulo, experiente, calmo e quer conversar com os Estados Unidos”, disse o ministro.
O mediador do painel, Rafael Furlanetti, diretor de Relações com Investidores da XP, interveio. “Mas ministro, o presidente não deveria estar nos Estados Unidos negociando, em vez de em Osasco?”, perguntou. Houve risos e aplausos da plateia, apesar do apelo do mediador.
Mercado financeiro questiona alternativa ao dólar
Em outro momento, Edinho Silva justificava os motivos comerciais que viabilizavam a negociação das tarifas, como um superávit de US$ 400 bilhões dos Estados Unidos em relação ao Brasil nos últimos anos.
“Se a questão for a balança comercial, o esforço do Brasil está sendo imenso. Nós oficializamos uma proposta de negociação em maio”, disse o presidente do PT. “Agora, se a questão for uma retaliação pelo fato de o Brasil participar de alianças, isso é outro debate. Qualquer país do mundo tem o direito ao multilateralismo. Tem o direito de negociar com outros países, de construir blocos comerciais e ideológicos.”
Furlanetti questionou: “Mas presidente, você concorda que toda vez que alguém ameaça a hegemonia da moeda americana na história do mundo, isso nunca deu certo?” Ele se referia ao fato de Lula ter questionado a hegemonia do dólar e trabalhar com a China para alterar o padrão monetário. Houve novos aplausos e risadas na plateia.
Silva justificou que os Estados Unidos priorizaram a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), depois a Comunidade Europeia, e o mundo não reagiu. “Mas quando o Brasil começou, ainda no início do século 21, a dialogar com países como China, Índia e a África do Sul, aí virou problema? O mundo democrático não pode reagir com autoritarismo quando um país busca relações fora da lógica hegemônica.”
Bolsonarismo ficará isolado, diz Renan
O painel promovido pela XP no maior evento do mercado financeiro do país abordou também as dificuldades fiscais do governo e a perspectiva de reeleição do presidente Lula.
Após o tarifaço de Trump, pesquisas de opinião mostraram redução da impopularidade do presidente Lula, pelo enfrentamento ao presidente norte-americano. A percepção é que o bolsonarismo enfrenta desgaste entre seus próprios apoiadores em razão da retaliação dos EUA ao Brasil.
O ministro Renan Filho acusou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de atacar a democracia e disse que o bolsonarismo caminha para ficar isolado na extrema-direita. Para ele, Lula tem condições de discutir uma nova frente ampla para as eleições de 2026, aproximando-se mais do centro.
“Acho que o presidente Lula tem muita condição de fazer esse debate, reconstruindo uma frente ampla, apresentando um projeto para o país que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro. A meu ver, há muita possibilidade de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, já que, a cada dia, eles caminham nessa direção”, afirmou o ministro.
Fonte: Por Rose Amantéa
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