A rota pelos canaviais do Brasil que replica a introspecção do Caminho de Santiago

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A rota pelos canaviais do Brasil que replica a introspecção do Caminho de Santiago


Igreja Matriz de Santa Ana é o ponto inicial do Caminho do Sol.| Foto: Infografia/Gazeta do Povo a partir de imagem de Divulgação/Prefeitura de Santana de Parnaíba

Porto Velho, RO - Uma parte do tradicional Caminho de Santiago, na Espanha, leva o peregrino a passar por entre plantações de trigo. A paisagem, apesar de belíssima, pode ser monótona, mas também é ideal para se concentrar e olhar para dentro enquanto se caminha. No Brasil, o Caminho do Sol replica, de certa forma, esse ambiente de introspecção. Ao invés do trigo espanhol, a cana-de-açúcar do interior de São Paulo.

Esta reportagem faz parte da série Trilhas do Sagrado preparada pela Gazeta do Povo. Clique para conhecer outras rotas.

Mais da metade dos 241 quilômetros entre a Igreja Matriz Santa Ana, em Santana de Parnaíba, e a Casa de Santiago, em Águas de São Pedro, é percorrida ao longo de pequenas estradas rurais e por dentro de canaviais. As ilhas de árvores dentro das plantações de cana-de-açúcar dão um alento principalmente nos dias mais quentes.

Caminho do Sol

De Santana de Parnaíba a Águas de São Pedro, o peregrino percorre 241 quilômetros até chegar à Casa de Santiago.
O Caminho do Sol passa por 12 municípios, levando o peregrino a pontos de fé como a Cruz do Século em Pirapora do Bom Jesus, a Igreja de Nossa Senhora da Piedade em Cabreúva e a Capela Santa Cruz em Capivari. Casarões e armazéns antigos também estão no roteiro, como a Fazenda Milhã e o Armazém do Limoeiro.

O destaque do caminho são as pequenas estradas cortando os canaviais. A mesma monotonia do Caminho de Santiago pode ser encontrada no Caminho do Sol. A ideia do caminho é realmente fugir das vias movimentadas e dos centros das cidades e buscar o silêncio.

“O processo é de solidão, de estar com você mesmo, de repensar a vida. As máscaras vão caindo. É uma autoavaliação. E a área rural é o que permite esse momento de introspecção e de olhar para o que realmente importa", diz o idealizador do Caminho do Sol, José Palma.

Foi ele quem mobilizou a região para tirar do papel a rota em 2001, cinco anos depois de ter percorrido o Caminho de Santiago. Como retribuição, decidiu que faria algo parecido em sua cidade, Águas de São Pedro.

]Conseguiu até mesmo uma imagem de São Tiago, vinda da Espanha, para posicioná-la no fim do percurso. O Dia de São Tiago é o mesmo do aniversário de Águas de Santa Bárbara: 25 de julho.

Casa de Santiago, em Águas de São Pedro, é o ponto final do Caminho do Sol.| Divulgação/Caminho do Sol

Simplicidade marca os 11 dias do Caminho do Sol

O Caminho do Sol atravessa diversas propriedades privadas e, por isso, não pode ser percorrido por qualquer pessoa e a qualquer momento. É necessário um agendamento prévio para que a logística do caminho seja disponibilizada, incluindo os locais para dormir, que são pequenas pousadas localizadas nas chácaras e residências de produtores da região. O peregrino paga uma taxa de inscrição e também precisa pagar os locais de hospedagem, diretamente para os proprietários.

Seguindo o planejamento, são 11 dias de caminhada, com uma média de 20 a 24 quilômetros diários. As saídas de Santana de Parnaíba são sempre às quartas-feiras, com chegada a Águas de São Pedro em um sábado:

1º dia: Santana de Parnaíba a Pirapora - 14 km

2º dia: Pirapora do Bom Jesus a Cabreúva - 24 km

3º dia: Cabreúva ao Haras do Mosteiro (Itu) - 24 km

4º dia: Haras do Mosteiro (Itu) à Pousada da Fátima e Pedro (Salto) - 23 km

5º dia: Pousada da Fátima e Pedro (Salto) a Elias Fausto - 20 km

6º dia: Elias Fausto à Fazenda Milhã (Capivari) - 21 km

7º dia: Fazenda Milhã (Capivari) a Mombuca - 20 km

8º dia: Mombuca ao Clube Arapongas - 24 km

9º dia: Clube Arapongas a Monte Branco - 24 km

10º dia: Monte Branco a Artemis - 24 km

11º dia: Artemis a Águas de São Pedro - 24 km


Os canaviais acompanham os peregrinos no Caminho do Sol.| Divulgação/Caminho do Sol

Ao longo do caminho, tudo é muito simples. As hospedagens e a comida acompanham o estilo de vida de quem vive no campo. É um exercício de desapego, tal como o próprio objetivo da rota. “É um caminho de simplicidade, de humildade. O aprendizado está em viver com o mínimo possível e se desfazer do que é supérfluo”, aponta Palma.

Para atrair mais peregrinos ao Caminho do Sol, a organização está estudando a possibilidade de manter saídas diárias em que cada um cumpre a caminhada no ritmo próprio. Para isso, a rota vai acabar passando mais dentro das cidades.

Segundo Palma, isso não deve tirar o propósito da rota. Seja para quem for. “O caminho é de cada um, não perguntamos a religião. O caminho é muito aberto nesse sentido”, completa.

Serviço:

Site: www.caminhodosol.org.br/

E-mail: atendimento@caminhodosol.org

Telefone: (11) 950001-8267

Fonte: Por Gustavo Ribeiro

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