
Moraes ameaçou prender Aldo Rebelo após ex-deputado dizer que não aceitava censura (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados e Fellipe Sampaio /STF)
Porto Velho, RO - Os arrozeiros gaúchos estão no limite. O agro gaúcho também, e fazendo manifestações contando com a solidariedade dos caminhoneiros. Parece que o governo criou expectativas com a grande enchente do ano passado. Umas poucas foram cumpridas, e o pessoal está endividado, com dificuldades de investir.
Gente que perdeu todos os equipamentos agrícolas, gente que perdeu muito e está querendo ser ouvido. O Brasil centralizou tudo no governo da União – não é mais República Federativa. Tirou a arrecadação de prefeitos, centralizou tudo e centraliza também a responsabilidade. Por isso está acontecendo isso.
Mas falando em responsabilidade, pegou muito mal aquela ameaça do ministro Moraes contra Aldo Rebelo, que é uma unanimidade nacional. Uma pessoa corretíssima, foi presidente da Câmara, foi ministro mais de uma vez de governos petistas, ministro da Defesa, inclusive. Foi o sujeito que fez o Código Ambiental, a lei ambiental perfeita – talvez a melhor do mundo. E recebeu uma ameaça para constranger uma testemunha que não ofendeu ninguém, apenas reclamou que o seu depoimento tinha sido interrompido e falou que não admite censura.
Moraes ficou muito ofendido ao ouvir a palavra “censura”
A palavra “censura” afetou muito o ministro Moraes, que ameaçou de prisão. Pois olha, eu estava vendo uma fala do Aldo Rebelo sobre os erros da Justiça brasileira, que quando se escreve de batom numa estátua há uma punição como se fosse homicídio. No entanto, com aquele que tocou fogo na estátua do Borba Gato, lá em São Paulo, não aconteceu nada.
Ele lembra também que os que invadiram a Câmara e depredaram a Câmara dos Deputados quando ele, Aldo Rebelo, era presidente, também estão aí, estão soltos. Aí falou sobre os erros da criação da Raposa Serra do Sol, sobre os contracheques gigantescos da Justiça, de tantas permissividades do crime comum que cresce nesse país, que vai tomando conta do país, e por fim chamou o Judiciário brasileiro de imaturo, arrogante, narcisista, incluindo aí o Ministério Público. Foi o que disse Aldo Rebelo.
E aí eu lembro, agora, que na semana passada o ministro Flávio Dino pegou uma postagem na rede social e deu a maior publicidade para a pessoa que xingou ele. Essa pessoa deve estar muito feliz. Dino chegou a dizer o apelido com que essa pessoa se referiu a ele: “rocambole”, não sei o que. Ele trouxe isso para uma sessão do Supremo Tribunal, que deveria ser um tribunal constitucional.
A culpa é do Marco Aurélio Mello
Eu repito aqui o que já me disse um amigo tributarista: que a culpa de tudo isso seria do ex-ministro Marco Aurélio Mello, que quando foi presidente do Supremo botou televisão (a TV Justiça), e aí virou palco, virou estúdio, virou show. É o que a gente, infelizmente, tem visto.
Mas eu queria falar outra coisa: Ives Gandra Martins, 90 anos de idade – para mim o melhor jurista. Eu já disse para ele algumas vezes que ele seria o meu candidato ideal a presidente da República.
Acharam no telefone do coronel Mauro Cid uma aula do Ives Gandra lá na escola de comando do Estado-Maior, na ECM, no Rio, 30 anos atrás. Nessa aula ele estava interpretando o artigo 142 da Constituição, explicando quando é que pode haver defesa da Constituição, da lei e da ordem por parte das Forças Armadas. E o implicaram nesse golpe que não houve. Imagina, são coisas incríveis. Ives Gandra, Aldo Rebelo... É incrível.
Bom, mas enfim, o ministro Marco Aurélio Mello, que é ministro de Supremo aposentado, usou uma palavrinha só para qualificar tudo isso: decadência.
Fonte: Por Alexandre Garcia
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